CRISE NAS MATERNIDADES

Mabel promete plano de contingência para gestantes e volta a criticar Fundahc

Em meio à crise da Nascer Cidadão, prefeito diz que modelo atual é ineficiente e promete plano de contingência para garantir partos

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), voltou a criticar nesta sexta-feira (22) a gestão das maternidades pela Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) e justificou a troca do modelo. Segundo ele, a entidade “não tinha condição de continuar”. A declaração foi dada em entrevista coletiva antes de um evento no Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).

“Estamos trocando porque falta gestão nesse pessoal. Primeiro, que o preço deles era o dobro do que valia no mercado e, segundo, que eles não têm expertise de fazer uma gestão eficiente. Nós medimos vários parâmetros e o serviço deles tinha problema”, disse o prefeito. Trata-se de mais um episódio da queda de braço entre Prefeitura de Goiânia e Fundahc.

De acordo com ele, a Prefeitura já começou a pagar diretamente os anestesiologistas para evitar a interrupção total de atendimentos na Maternidade Nascer Cidadão, que nesta semana anunciou a suspensão de serviços. “Ontem nós tomamos providência, hoje nós começamos a pagar os anestesistas para manter as operações lá na Nascer Cidadão”, afirmou.

Garantia às mães

Questionado sobre a insegurança das gestantes que procuram as maternidades às vésperas da transição para as organizações sociais (OSs), Mabel assegurou que não haverá desassistência. “Todos os nenês vão nascer com segurança, com atendimento. Temos um plano de contingência com Aparecida de Goiânia, com as maternidades do Estado e as nossas. Ninguém vai ficar sem atendimento adequado na hora do parto do seu filho”, declarou.

O prefeito acrescentou que há integração com municípios vizinhos e que, se necessário, pacientes serão remanejados para outras unidades. “Se precisar deslocar uma mãe para um lugar ou outro, nós vamos fazer. Isso já acontece. Em determinados momentos, quando há maior demanda ou eficiência mais baixa em alguma unidade, já fazemos essa troca”, explicou.

Mabel também chamou a atenção para a ociosidade das atuais unidades. Citou a Maternidade Dona Íris, que chegou a realizar 800 partos por mês, mas hoje não passa de 400. “Lá tem cinco salas de cirurgia, 83% de ociosidade. Você acha que pode funcionar um negócio desse jeito? Nós temos maternidade para nascer 1.200 ou 1.300 meninos por dia e não nasce isso. Não pode custar 100% e produzir só 50%. É isso que estamos corrigindo”, disse.

Expectativa com novas OSs

O prefeito reafirmou que a substituição é irreversível e que as novas gestoras, vindas de outros estados, devem normalizar o cenário rapidamente. “Com pouquíssimo tempo, 15 ou 20 dias que as novas OSs assumirem, gente experiente que já gerenciam muitas maternidades, elas vão dar andamento como esperamos”, afirmou.

Contexto da crise

As declarações ocorrem em meio à pior crise das maternidades públicas de Goiânia, marcada por suspensões de atendimentos e acusações cruzadas. A Fundahc afirma que a transição ocorre sem “planejamento claro” e cobra dívida de R$ 158,5 milhões da Secretaria Municipal de Saúde. O Cremego classificou a situação como grave e oficiou a Prefeitura.