FRAUDE

Manipulação de resultados: ex-jogador do Vila Nova recebeu ‘sinal’ de R$ 10 mil para provocar pênalti

As informações foram confirmadas pelo próprio Vila Nova, que denunciou o caso ao Ministério Público (MP)

Um ex-jogador do Vila Nova, investigado por participar de esquema que fraudava resultados de jogos da Série B do Campeonato Brasileiro, recebeu “sinal” de R$ 10 mil para provocar um pênalti no primeiro tempo de uma partida de futebol ocorrida em 2022 contra o Sport. As informações foram confirmadas pelo próprio clube goiano, que denunciou o caso ao Ministério Público (MP).

“Houve o pagamento de um sinal de R$ 10 mil. A promessa era de R$ 150 mil, sendo R$ 10 mil adiantado e R$ 140 mil depois. Como não teve o pênalti, foi só o pagamento de R$ 10 mil”, disse o promotor Fernando Martins Cesconetto.

O mencionado jogo ocorreu em 2022 contra o Sport, time de Recife. O Vila Nova informou que, como o pênalti não aconteceu, o dono do esquema criminoso tentou convencer outros jogadores de participarem da fraude, mas também não teve sucesso. Posteriormente, o suspeito procurou o presidente do clube, Hugo Jorge Bravo, para tentar cobrar o prejuízo. Foi, então, que o presidente descobriu o que havia acontecido.

Durante entrevista coletiva, Hugo disse que “o clube se sensibiliza e faz com que se sinta no dever moral e social de estar relatando [às autoridades], para que isso não venha prejudicar outras agremiações”.

Outras partidas

Segundo o MP, além desta partida, outras duas são investigadas: Sampaio Correia x Londrina e Tombense x Criciúma – todas aconteceram em 2022. “No caso da partida do Vila Nova, apesar da tentativa de manipulação e do pagamento antecipado ao jogador, o pênalti não foi cometido. Nas outras duas, o evento ocorreu”, informou o Ministério Público.

O MP revelou que há indícios de que os crimes apurados também ocorreram em 2023. O coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Rodney da Silva, ressaltou que existe a possibilidade de a apuração avançar e abranger jogos não só de campeonatos estaduais de 2023, mas, também, jogos da Série A.

Lucros e apostas

Os investigadores pontuaram que, como a operação ainda está na fase inicial, não há como precisar as quantias efetivamente movimentadas no esquema. Porém, eles informaram que o lucro esperado com as apostas variava entre R$ 500 mil a R$ 2 milhões.

Durante coletiva de imprensa, foi compartilhado o print de conversa de WhatsApp de um celular apreendido durante a operação. O diálogo mostra novas combinações de manipulação, envolvendo outras condutas de jogo passíveis de aposta, como número de escanteios e cartões vermelhos. 

Jogador do Vila Nova recebeu ‘sinal’ de R$ 10 mil para provocar pênalti no primeiro tempo de jogo, segundo MP
Esquema de pênaltis (Foto: Divulgação – MP)

Operação

A operação foi deflagrada pelo Ministério Público na terça-feira (14), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e do Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos do Futebol (GFUT).

A investigações, que tiveram início em novembro de 2022, têm como objetivo obter provas que comprovem a existência de uma associação criminosa especializada na manipulação de resultados de partidas de futebol profissional, especificamente em relação a jogos da Série B do Campeonato Brasileiro de Futebol de 2022.

Na ação, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Goiânia, São João Del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ). Durante a operação, um empresário foi preso temporariamente, em São Paulo, suspeito de ser responsável pelas apostas e por entrar em contato com os jogadores.

Rodney da Silva, coordenador do Gaeco, ressaltou que a investigação está concentrada em pessoas físicas, incluindo apostadores e jogadores de futebol. Já as instituições, como clubes de futebol, a CBF, são consideradas vítimas do esquema criminoso, assim como os sites de apostas.