Mecânico é morto após carro em que estava não parar em blitz, em Goiânia
A família alega que não acredita que a vítima tenha feito disparos e que arma apreendida teria sido plantada para incriminá-lo

A Polícia Civil investiga a morte do mecânico Marcus Phelipe Souza de Almeida, de 27 anos, que foi alvejado por um policial militar após o carro em que estava não parar em uma blitz da Balada Responsável, em Goiânia. A família contesta a versão apresentada pela Polícia Militar.
O caso aconteceu no último sábado (21), no Setor Residencial Boungainville. Ele foi morto após policiais responsáveis pela blitz solicitarem a parada do veículo em que estava, mas o motorista não obedecer à ordem. Houve, segundo o relato policial, perseguição, que culminou com uma prisão e a morte, além de apreensão de arma de fogo supostamente usada no combate.
O policial militar foi afastado das ruas. A Corregedoria da instituição abriu procedimento para apurar as circunstâncias da morte de Marcus.
A família alega que não acredita que a vítima tenha feito disparos contra os policiais e que arma apreendida teria sido plantada para incriminá-lo. A tia do rapaz, Wesllane Ferreira, diz que o jovem não possuía arma de fogo, além de ser destro, o que dificultaria a suposta troca de tiros, conforme consta no relato policial.
Além disso, ela diz que o motorista não teria parado na blitz por ter medo de seu carro ser apreendido, já que era rebaixado e estava com documentação irregular. Mesmo com a tentativa de se evadir do local, ela afirma que o carro não era capaz e correr em alta velocidade, justamente por ter o amortecimento reduzido e ser pesado.
“Meu sobrinho foi atingido por uma bala no ombro e na nuca. Não houve nenhuma tentativa de os policiais atirarem contra os pneus, por exemplo. Além disso, as imagens de câmeras próximas à casa do motorista [onde ele se rendeu] sumiram. Ele também apanhou bastante”, relata Wesllane.
Relato policial
A versão da Polícia Militar, que consta no boletim de ocorrência, afirma que uma equipe que estava no local avistou um veículo WV GOL de cor branca, fugindo pela contra mão de ré e deu voz de prisão. O motorista, no entanto, teria acelerado em direção a um dos militares, que disparou contra o veículo, mas não o atingiu.
O motorista, então, continuou fugindo pela GO-040, o que motivou os policiais a fazerem acompanhamento com uso de motocicletas. Assim, segundo a versão da PM, Marcus Phelipe teria sacado uma arma e efetuado disparos contra os policiais, que revidaram. Além disso, o motorista tentava derrubar os policiais das motos através de manobras.
O relato ainda informa que “foi tentada por diversas vezes parar o veículo desgovernado em fuga e todas elas sem sucesso, foi necessário que um tenente efetuasse quatro disparos com a finalidade de parar o veículo”. O motorista só teria parado e se rendido em frente à sua residência, com o passageiro já atingido por disparos. A vítima foi encaminhada para uma unidade de saúde, mas não resistiu e morreu.
Em nota, a PM diz que a Corregedoria instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar as circunstâncias que envolvem o fato. “A Corporação reitera seu compromisso de agir em estrita conformidade com a legislação e continua pronta para colaborar com a Justiça em todos os casos, ratificando sua determinação em não tolerar qualquer desvio de conduta”, conclui.