Pessoas próximas a idoso morto por ‘Dexter’ goiano negam que vítima tenha abusado de criança
Fontes classificaram a denúncia do agressor como uma invenção completa de uma mente doente para justificar a barbárie

Pessoas próximas à jovem de 17 anos e ao homem de 69 anos atacados por um rapaz de 18 anos com cutelo na Vila União, em Goiânia, no domingo (16), negam a acusação do suspeito chamado de “Dexter” goiano de que o idoso teria abusado de uma criança. “Mentira.” O jovem foi preso na segunda-feira (7). A vítima mais velha não resistiu à agressão, enquanto a adolescente, filha dele, está em estado grave.
Segundo informações colhidas pela Polícia Militar (PM) de Goiás, o rapaz se inspirou em ‘Dexter’, serial killer de série ficcional que, na trama, age contra outros assassinos. O rapaz afirmou acreditar – sem indícios ou provas – que o idoso teria cometido um crime contra uma criança e resolveu agir por conta própria. Ao Mais Goiás, as fontes, que pediram para não serem identificadas, classificaram a acusação como uma invenção completa de uma mente doente para justificar a barbárie.
Elas reforçaram que o idoso era um bom homem e pai, e que nunca mexeu com nenhuma criança. Uma das fontes declarou, ainda, que o suspeito é “totalmente psicopata e está inventando essas coisas horríveis para manchar a memória de um homem inocente”. Para essas pessoas, a tentativa do assassino de imputar crimes de pedofilia à vítima é uma estratégia para desviar o foco da brutalidade do ato.
A Polícia Militar corroborou a versão da família, informando que não há qualquer registro ou denúncia de crimes sexuais contra o idoso. A investigação trata o caso como um homicídio motivado por delírios do agressor, que afirmou ter esquizofrenia.
Apuração
A investigação começou ainda na madrugada de domingo para segunda, quando vizinhos ouviram pedidos de socorro e chamaram a polícia. A adolescente, mesmo ferida, conseguiu relatar que o agressor entrou de forma repentina, atacou o pai com um cutelo e depois voltou-se contra ela. O socorro foi acionado e ela foi encaminhada a um hospital, onde recebeu atendimento de emergência.
Durante as buscas, equipes foram distribuídas em diferentes regiões e, aos poucos, relatos de moradores começaram a chegar. Alguns mencionaram ter visto o jovem caminhando sozinho, aparentemente agitado, repetindo frases desconexas. Esse tipo de informação, comum em operações desse tipo, ajudou a reduzir o perímetro de localização.
Ao ser encontrado, o rapaz revelou que tinha comprado o cutelo pela internet dias antes e que queimou as roupas usadas no ataque em uma fornalha improvisada no quintal onde mora. Ele levou as equipes ao lote baldio onde descartou a arma.
‘Dexter’ na vida real
Os policiais relataram que, enquanto prestava depoimento inicial, o jovem falava do ataque como se estivesse descrevendo cenas de um roteiro, misturando elementos da vida real com fragmentos da série que acompanhava. Em outro momento, mencionou que faz uso de medicamentos controlados e que possui diagnóstico de esquizofrenia, no entanto, essa informação ainda será confirmada.
Segundo a PM, não há qualquer indício ou registro de que o idoso tivesse cometido o crime citado pelo suspeito. A corporação reforçou que a tentativa de “fazer justiça” por conta própria, além de ilegal, coloca em risco pessoas inocentes e expõe famílias inteiras à violência.
O caso segue agora para investigação da Polícia Civil, que deve apurar tanto a motivação quanto as condições psicológicas do rapaz no momento do ataque.
Serial killer na ficção
A série de ficção Dexter acompanha a rotina de um perito forense que, longe do trabalho, leva uma vida dupla como serial killer. O personagem central elimina outros assassinos que, segundo a trama, escapam do sistema de justiça.