Quatro dias internado: Morador de Goiandira que denuncia agressões de PMs passa por nova cirurgia
Discussão política em bar terminou em agressão; policiais foram filmados. Moradores da cidade fizeram manifestação

O engenheiro eletricista Guilherme Fernandes, de 30 anos, que denuncia ter sido agredido por policiais militares na porta da própria casa, na madrugada de sábado (15), em Goiandira, região sudeste de Goiás, ficou quatro dias internado e precisou refazer uma cirurgia na boca. As agressões sofridas pela vítima ocorreram após uma discussão política iniciada horas antes em um bar da cidade.
Imagens de câmeras de segurança registraram parte da ação, que, segundo Guilherme, envolveu dois policiais militares fardados e um policial da reserva. Ele diz ter levado golpes no rosto, na cabeça e no corpo enquanto estava rendido.
Discussão política em bar terminou em agressão
Guilherme relata que estava em uma roda de amigos por volta das 22h30 de sexta-feira (14), quando um policial militar aposentado se aproximou e reagiu ao ouvir um comentário sobre política.
“Eu falei algo sobre PT, nada demais. Ele ouviu e ficou incomodado”, contou. Ao voltar do banheiro, o aposentado teria confrontado o engenheiro e o agredido com uma cadeirada. Guilherme diz que correu para evitar uma briga e se abrigou no comércio de uma amiga. Minutos depois, foi informado de que havia uma viatura na porta da casa dele.
Ao retornar ao local, encontrou os policiais e o aposentado. “Desci do carro para me apresentar. Antes de qualquer coisa, já mandaram colocar as mãos para trás e vieram me algemar. Eu já estava machucado”, relatou.
Ele afirma que foi levado para trás de uma árvore, onde ocorreu a parte mais violenta das agressões. “Me colocaram na frente de um deles, que começou a me bater sem parar. Minha boca cortou inteira, quebrou um dente, meu rosto inchou todo”, disse.
Segundo Guilherme, dois policiais o seguravam enquanto o terceiro o agredia. “Foram mais de dois minutos. Eu estava rendido.”
O engenheiro também afirma que um dos PMs e o policial aposentado entraram em sua casa sem autorização e que, após o episódio, tentaram oferecer dinheiro no hospital para que ele não denunciasse o caso.
Internação e cirurgia
Guilherme Fernandes foi internado em um hospital particular de Catalão após apresentar infecção na boca provocada pelos ferimentos. Ele ficou quatro dias internado, sentindo fortes dores no corpo e na cabeça.
A primeira cirurgia precisou ser refeita devido às complicações, e agora ele soma 27 pontos na boca.
O engenheiro também relatou que uma audiência na Corregedoria da Polícia Militar foi marcada para o dia 10 do próximo mês. Ele afirmou que o prefeito de Goiandira enviou uma notificação formal à Corregedoria pedindo providências.
Moradores fazem manifestação por justiça
No último domingo (23), moradores de Goiandira realizaram uma manifestação pelas ruas da cidade, pedindo justiça e providências no caso. O grupo se concentrou na praça central e seguiu até a porta da casa de Guilherme — o mesmo local onde as agressões foram registradas pelas câmeras de segurança.
A caminhada, segundo participantes, foi “um ato por paz e por respostas”.


Situação na Polícia Civil
A Polícia Civil informou que aguarda um laudo médico oficial da perícia para definir se o caso, inicialmente registrado como um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), será convertido em investigação formal. A depender do laudo, o processo pode virar um inquérito contra os PMs.
Os policiais envolvidos negam as agressões.
O sargento Roberto Cândido afirmou à TV Anhanguera que “não houve agressão praticada pelos policiais de serviço”, atribuindo toda a violência ao major aposentado Nesser Peixoto, autuado por lesão corporal e ameaça.
Nova nota da PM
Em nova manifestação enviada ao Mais Goiás, a Polícia Militar de Goiás informou:
“A Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO) informa que adotou as medidas administrativas pertinentes e o procedimento apuratório segue seu trâmite.”