Crimes sexuais

MP oferece 11ª denúncia contra João de Deus por crimes de estupro de vulnerável

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) ofereceu, na manhã desta segunda-feira (2), mais uma denúncia…

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) ofereceu, na manhã desta segunda-feira (2), mais uma denúncia com quatro novas vítimas do médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, por estupro de vulnerável. Essa é a 11ª denúncia oferecida pelo órgão por crimes sexuais. O médium está preso há quase um ano no Núcleo de Custódia de Aparecida de Goiânia. Ele sempre negou os crimes. Novo pedido de prisão também foi feito.

A denúncia envolve o relato de 11 vítimas. Destas, quatro não estão prescritas e as demais perderam o prazo para serem formalizadas e, por isto, serão consideradas como testemunhas. Os crimes ainda não prescritos foram cometidos entre 2010 e 2016 contra mulheres do Rio Grande do Sul, duas da Bahia e Distrito Federal (DF), com idades entre 25 e 40 anos.

As outras sete que servem de testemunha são de Pernambuco, DF, Maranhão, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Os crimes foram cometidos entre 1976 e 2008. Entre as vítimas estão duas mulheres que foram abusadas quando tinham 12 e 14 anos.

Conforme expõe a promotora Renata Caroliny Ribeiro e Silva, o réu explorava as mais diversas vulnerabilidades das vítimas para praticar os abusos. “Tais mulheres possuíam doenças graves como câncer, epilepsia e depressão severa, todas documentadas nos autos com relatórios médicos”, disse.

A promotora cita que João de Deus ainda fazia ameaças espirituais contra as vítimas. “Ele prometia um mal futuro para intensificar o medo das mulheres. Entre elas estão ameaças de que as vítimas não poderiam engravidar e de que iria desfazer o trabalho de macumba que havia sido feito contra elas”.

Pedido de prisão

Além das denúncias, o MP também fez um novo pedido de prisão preventiva contra o médium. “A gente entende que a prisão dele favorece o aparecimento de novas vítimas que ainda estão com medo de relatar os crimes. Por isso, nós efetuamos novo pedido de prisão cautelar para impedir que haja liberdade do réu neste momento”, afirmou a promotora.

Renata Caroliny explica que há, ao total, 57 vítimas não prescritas que estão no Judiciário em forma de 11 denúncias, que correm separadamente. Também há 87 vítimas cujos crimes prescreveram, mas que servem para colaborar com as denúncias que estão dentro do prazo para serem formalizadas.

Ainda de acordo com a promotora, 319 pessoas procuraram o órgão. Deste número, 194 formalizaram as denúncias perante ao MP em todo o país.

Defesa

Em nota, a defesa do acusado afirmou que, caso sigam os padrões das anteriores, as novas denúncias apresentadas “não terão a menor sorte, pois referem a fatos que já se operou a decadência em razão da ausência de representação das vítimas, além da ausência de densidade dos fatos apresentados”.

Segundo o texto, o MP utiliza o processo para promover um verdadeiro espetáculo público de João de Deus. “Como órgão de Estado, o Ministério Público deveria tomar providências para garantir o direito à vida do meu cliente que está sendo submetido a uma pena degradante e cruel dentro do cárcere”, diz trecho.

Condenação

No último dia 7 de Novembro, João de Deus foi condenado a quatro anos em regime aberto pelos crimes de posse ilegal de arma de fogo de uso permitido e de uso restrito. A decisão foi dada pela juíza Rosângela Rodrigues, de Abadiânia, onde o médium fazia os atendimentos espirituais.

A esposa de João de Deus, Ana Keyla Teixeira, também era ré no processo, mas foi absolvida.