Nota 10 é consequência. A pergunta é: quem o seu filho é depois que o boletim acaba?
Colégio Einstein avalia não só notas, mas também liderança, responsabilidade e maturidade emocional dos estudantes

Em Goiânia, uma frase tem mexido com o mundo de pais, alunos e educadores: “Nota 10 é consequência. A pergunta é: quem o seu filho é depois que o boletim acaba?” A provocação vem do psicólogo Lucas Júnior, diretor do Colégio Einstein, responsável pela maior mudança no sistema de bolsas da instituição — a criação da Liga Einstein, um processo seletivo que promete redefinir o que é mérito escolar em 2025.
A escola, conhecida por estimular alto desempenho, agora defende que ser excelente no boletim já não basta. A partir deste ano, estudantes que demonstram liderança, maturidade emocional e responsabilidade podem ultrapassar colegas com notas mais altas.
O que muda, afinal?
A Liga Einstein substitui a antiga lógica de “melhor boletim = melhor bolsa” por um sistema mais completo. Segundo a professora Samantha Chang, coordenadora do Ensino Médio e membro da equipe de seleção, o desempenho acadêmico continua sendo o critério de maior peso.
“Não aposentamos a prova nem o boletim. Ninguém entra na Liga Einstein sem estudar sério. Mas agora olhamos para outros indicadores que também importam na vida real”, explica.
O princípio é direto: nota alta abre portas; liderança e maturidade empurram o aluno para cima no ranking.
A psicóloga Lara Rosa, que integra o processo de avaliação, resume: “Quando dois candidatos estão no mesmo nível acadêmico, o desempate não é no achismo. Observamos postura, regulação emocional, responsabilidade e capacidade de influenciar colegas. É objetivo — e sim, faz diferença.”
Assim, um aluno que mantém boas notas, participa de projetos, assume responsabilidades e lida bem com frustrações hoje tem vantagem real sobre quem tira 10, mas não se envolve em nada.
“Não é afrouxar a régua — é subir”, diz o diretor
Lucas Júnior tem sido firme sobre o método. “Ninguém ganha bolsa com nota baixa porque é ‘gente boa’. A parte acadêmica segue tendo o maior peso. A diferença é que agora não dá mais para ser brilhante só no papel e imaturo na vida real.”
Ele faz um alerta direto aos chamados “gênios do boletim”: “Tem aluno que tira 10 com facilidade, mas entra em pânico quando escuta um ‘não’. Não sabe perder, não sabe colaborar. Hoje esse estudante é colocado num pedestal. Amanhã, será o profissional que desaba na primeira cobrança séria.”
Para ele, a proposta da Liga Einstein é clara: valorizar quem combina alto desempenho, postura de liderança e maturidade emocional.
Por que isso mexe tanto com as famílias?
Porque toca em uma regra silenciosa que guiou gerações: boletim impecável = caminho garantido. A coordenadora-geral do Einstein, Jéssica Fernandes, explica que a escola está apenas tornando explícito algo que já se discute no campo pedagógico há anos.
“Educar não é formar produtores de nota, mas pessoas inteiras. Isso inclui como o estudante aprende, como reage ao erro, como influencia o ambiente e como se relaciona. Quando somamos notas, liderança e competências socioemocionais, formamos alguém preparado para o futuro — não apenas para a prova.”
Com a Liga Einstein, entram no cálculo final fatores como:
- Como o aluno reage a falhas;
- Se assume responsabilidade;
- Se influencia positivamente colegas;
- Se lidera ou apenas segue o grupo;
- Se demonstra maturidade emocional diante de desafios.
Que tipo de aluno queremos formar?
Mais que um processo de bolsas, a Liga Einstein coloca uma provocação que deve aparecer em muitas rodas de conversa:
- Devemos premiar só quem tira 10?
- Ou quem consegue unir excelência acadêmica + liderança + maturidade emocional?
Enquanto o debate continua, a frase do diretor segue ecoando entre pais e alunos: “Nota 10 é consequência. A pergunta é: quem o seu filho é depois que o boletim acaba?”
Como participar da Liga Einstein
A Liga Einstein é aberta para estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental à 2ª série do Ensino Médio.
O cadastro pode ser feito em: ligaeinstein.com.br