SAÚDE

O que influencia sua glicose? Saiba mitos, riscos e orientações

Em entrevista ao Mais Goiás, especialistas esclareceram questões básicas sobre o tema

Com a chegada do Natal, as mesas brasileiras se enchem de sobremesas deliciosas. Contudo, junto com elas, cresce também a preocupação com os excessos, especialmente quando o assunto é açúcar. Em entrevista ao Mais Goiás, a médica endocrinologista do Einstein Goiânia, Leandra Negretto, e a médica endocrinologista cooperada da Unimed Goiânia, Renata Meiko, esclareceram questões básicas sobre a glicose para amenizar as preocupações, e também falaram sobre os hábitos e cuidados.

Antes disso, entender as faixas glicêmicas é importante. Segundo Leandra Negretto, a glicemia pode se elevar muito além dos valores normais, como 100 mg/dL, e quanto maiores forem os valores, maiores os prejuízos. “Uma glicemia superior a 300 mg/dL, por exemplo, pode causar boca seca, visão turva e muita fome, e conforme esse valor sobe, mais intensos esses sinais e sintomas podem se tornar. Para glicemias tão altas quanto 250-300 mg/dL, é preciso usar insulina. Já cifras menores, muitas vezes podem ser controladas com atividade física e alimentação saudável”, informou.

Leandra também ressalta que o aumento rápido da glicose provoca sinais clássicos no corpo. “Quando o aumento acontece de maneira rápida sem que o corpo possa se adaptar os sintomas são: sede e diurese excessiva, perda de peso involuntária e muita fome, além de visão turva, má cicatrização de feridas e candidíase genital”, ressaltou.

Mitos comuns

De acordo com Renata Meiko, vários mitos ainda dificultam o entendimento sobre glicemia. Entre eles, achar que boa cicatrização indica diabetes controlada. “As alterações na cicatrização geralmente só se manifestam quando a glicemia permanece muito elevada por períodos prolongados.”

Outro equívoco é acreditar que a pessoa com diabetes não pode consumir carboidratos. “O organismo precisa de carboidratos em quantidade adequada e de forma equilibrada na alimentação. O que deve ser evitado são os açúcares simples, como o açúcar branco, pois eles não precisam de digestão e são rapidamente absorvidos pelo corpo, provocando elevações rápidas da glicemia.

Renata também reforça que o uso de insulina não é o fim da linha. “O uso de insulina apenas indica que o pâncreas já não produz insulina em quantidade suficiente e que, em muitos casos, o hormônio é necessário para manter o equilíbrio metabólico e preservar a saúde.”

Hábitos e prevenção

No consultório, Leandra observa que muitos pacientes tentam retirar totalmente alimentos afetivos do dia a dia, atitude que, segundo ela, é pouco sustentável. “As medidas comportamentais que auxiliam no diabetes são: diminuir o consumo de ultraprocessados, comer verduras e frutas, realizar atividade física regulamente, reduzir a ingesta de alimentos ricos em carboidratos e gorduras saturadas.”

Renata também destaca que alimentos naturais e ricos em fibras, como grãos integrais, verduras, legumes, proteínas magras e gorduras boas como azeite de oliva, abacate e castanhas, ajudam a evitar picos de glicemia.

“Os laticínios, que hoje às vezes são vistos como vilões, na verdade só são inflamatórios em pessoas com intolerância à lactose ou alergia às proteínas do leite. Para quem não apresenta essas condições, o iogurte natural e os queijos podem, sim, fazer parte de uma alimentação equilibrada”, ressalta Mieko.

Porem, refrigerantes, bolos muito açucarados, excesso de chocolate e ultraprocessados favorecem alterações metabólicas e aceleram o surgimento do diabetes. Além da alimentação, manter o peso adequado, combater o sedentarismo e praticar exercícios regularmente são medidas essenciais.

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