REGIME SEMIABERTO

PM deve perder o cargo após condenação por homicídio durante abordagem policial

Lucimar Correia foi condenado a sete anos em regime semiaberto, além da perda do cargo, em razão do assassinato de Wallacy Maciel

O policial militar Lucimar Correia da Silva foi condenado, na quarta-feira (27), a sete anos de prisão no regime semiaberto pela morte do marceneiro Wallacy Maciel de Farias (foto). O Conselho de Sentença do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) também determinou a perda do cargo do agente. Defesa diz que vai recorrer.

De acordo com os autos, o jovem foi assassinado na madrugada do dia 9 de setembro de 2017, no Residencial Canadá, em Goiânia. O caso ocorreu durante uma abordagem policial conduzida pelo então sargento Lucimar.

“Se fosse meu filho que tivesse matado ele [policial], ia apodrecer na cadeia, mas como conhecemos a Justiça do Brasil, para mim essa decisão já está de bom tamanho. Pelo menos vai ficar de exemplo para muitos policiais não saírem abordando e matando antes de pedir a identidade”, declarou Adriana Teodoro, mãe de Wallacy, ao Mais Goiás.

Defesa do policial diz que vai recorrer da decisão

À reportagem, o advogado Ricardo Naves, que compõe a defesa de Lucimar, disse que respeita a decisão, mas não concorda com ela. “Foram 4 votos a 3. Não é algo contundente. A perda do cargo é algo muito questionável. Vamos recorrer”.

Para o advogado, o caso não tratou-se de abuso de autoridade, mas sim de uma ‘fatalidade’. “Foi uma absoluta condição da atividade policial. Uma fatalidade. Então vamos recorrer da decisão para fazer valer os direitos”, alegou.

Relembre o caso

O caso ocorreu na madrugada do dia 9 de setembro, na capital. Wallacy morreu com disparos à queima-roupa a menos de 1km da casa em que morava. De carro, ele rondava a casa da namorada quando foi abordado por uma equipe da PM em um lugar próximo a terrenos baldios.

Na versão da Polícia, o então soldado e agora sargento Lucimar teria disparado contra o marceneiro porque o jovem teria tirado uma arma da cintura. Durante as investigações, no entanto, imagens de câmeras de segurança coletadas na região mostraram os militares com luvas brancas manuseando o corpo da vítima e mexendo no interior do carro.

Segundo o Ministério Público, “há indícios veementes de que a vítima não portava qualquer tipo de arma e que a arma apresentada pelo denunciado como sendo da vítima não estava com ela”.

Lucimar Correia foi indiciado pela Polícia Civil e denunciado pelo MP ainda em 2017. No ano de 2018, o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) determinou que o militar fosse julgado pelo Tribunal do Júri.

Abordagens policiais

Antes de morrer, Wallacy chegou a ser apontado como suspeito de crime por um vizinho. Antes da abordagem fatal, ele foi parado por outra equipe militar e liberado, pois não foram encontradas irregularidades.

Durante a madrugada, o jovem também teria fugido de uma segunda abordagem. Segundo informou a PM à época, houve perseguição com tiros, quando o pneu da viatura furou. Mais tarde, Wallacy teria estacionado o veículo que dirigia ao lado da mencionada viatura. Ao descer do carro, foi atingido pelos disparos e morreu no local.

Família nega versão da PM

Também à época do ocorrido, a família do jovem afirmou que imagens mostraram que Wallacy não estava na perseguição dita pelos policiais. 

Outro ponto apontado pela familiar como prova da inocência do primo é o fato de que a arma encontrada com o Wallacy estava na mão direita. A mulher afirmou que o primo realizava todas as funções com a mão esquerda.