INVESTIGAÇÃO

Polícia apura se coronel prometeu promoção para PM matar empresário em frente a pastelaria

Defesa de sargento diz não ter fundamento, pois para promover um militar é preciso uma comissão

O coronel Alessandro Regys Reis de Carvalho pode ter prometido uma promoção para o policial militar Leneker Breno Campos Ayres pelo assassinato do empresário Fabrício Brasil Lourenço, 49 anos, dono de uma pastelaria em outubro, no Bairro Feliz, em Goiânia. A informação foi divulgada pela Polícia Civil à TV Anhanguera neste sábado (6). O militar de alta patente da Polícia Militar (PM) é investigado como possível mandante do caso. A corporação acredita que a motivação seja vingança, pois o empresário havia sido condenado em primeira instância por estupro de vulnerável contra uma parente do coronel, mas absolvido posteriormente.

A Polícia Militar (PM) informou ao Mais Goiás que os processos para promover um servidor “seguem estritamente os critérios, regras e requisitos previstos na legislação vigente”. Disse, ainda, que “permanece à disposição das autoridades competentes, colaborando com todos os procedimentos investigativos e cumprindo rigorosamente as determinações legais e judiciais”. Já o advogado de Leneker, Júlio Mascarenhas, afirmou não haver provas da participação do sargento no crime. Além disso, também declarou não ter fundamento o caso da promoção, pois esta precisa passar por uma comissão, da qual o coronel Alessandro não faz parte. O portal não localizou a defesa do coronel. Caso haja interesse, o espaço segue aberto.

Ainda sobre o crime, investigações apontam como possível mandante o coronel da PM, Alessandro Regys Reis de Carvalho, e o ex-militar do Exército José Antônio Moreira, como coordenador da ação. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira (5) pela TV Anhanguera. A corporação acredita que a motivação seja vingança, pois o empresário havia sido condenado em primeira instância por estupro de vulnerável contra uma parente do coronel, mas absolvido posteriormente.

Conforme o inquérito, a execução ocorreu pelos sargentos da Polícia Militar (PM) Leneker Breno e Tiago Lemes, com apoio logístico de Cleyton Souza Lima, segurança de uma chácara no Setor Santa Genoveva que serviu de base para a operação. Na quinta-feira (2), os dois sargentos foram presos com os outros dois envolvidos (José e Cleyton). Na ocasião, também houve o cumprimento de nove mandados de busca e apreensão, um deles na casa de Alessandro Regys, hoje no alto escalão do Serviço Aéreo do Estado de Goiás.

Sobre o crime, câmeras de segurança revelaram quando José Antônio esteve na pastelaria minutos antes do crime para confirmar a presença da vítima – ele já vinha monitorando a vítima entre agosto e outubro, segundo a PCGO. Em seguida, os dois sargentos chegam em uma motocicleta e disparam dez vezes contra Fabrício enquanto ele tirava o lixo, conforme a apuração.

Início do plano de execução

Os investigadores identificaram que o segurança chegou às 19h na chácara. Depois, uma câmera de monitoramento mostra a chegada do sargento Leneker, em uma moto, e do sargento Tiago, em um carro. Perto das 22h, o empresário foi assassinado supostamente pelos militares que chegaram de motocicleta.

Durante a fuga, eles se esconderam em uma mata até serem resgatados por José Antônio. A moto utilizada foi colocada na carroceria de uma caminhonete e coberta com uma lona, sendo levada para outra chácara, em Nova Veneza, pertencente ao ex-militar. Por volta da 1h da madrugada, eles foram para a chácara no setor Santa Genoveva. Cleyton os recebeu, mas algum tempo depois, os PMs foram embora.

Fabrício já tinha respondido por outros crimes, inclusive pedofilia e corrupção, conforme a Polícia Civil. Suspeito de ser o mandante, Alessandro Regys nega qualquer envolvimento. Diz, ainda, que nunca ameaçou a vítima, apesar do caso envolvendo sua parente.

O sargento Leneker teria reunido o grupo que realizou o crime. Ele, assim como o sargento Tiago, recebeu promoção por ato de bravura nos últimos anos.

Os sargentos estão presos no presídio militar e os outros dois suspeitos na Delegacia de Capturas. O Mais Goiás conseguiu apenas uma posição da defesa do sargento Leneker, que reforça inocência e ausência de provas contra o militar. O espaço segue aberto para as demais.

Segundo a Polícia Militar, a Corregedoria acompanhou integralmente o cumprimento dos mandados judiciais conduzidos pela Polícia Civil. Disse, ainda, que cumpre todas as determinações legais e que não admite qualquer desvio de conduta de policiais da corporação e que segue à disposição das autoridades.

Nota da defesa de Leneker

Primeiramente cumpre ressaltar que não há provas cabais, da participação do sargento Leneker no crime, mas apenas meras ilações desafinadas, as quais lamentavelmente conduziram a prisão temporária dele.

Referente ao questionamento de que o coronel Alessandro Regis teria oferecido uma promoção para que o sargento Leneker cometesse o crime, essa informação é completamente desfundada, uma vez que para promoção, o militar passa por uma Comissão de Promoção, formada por coronéis, e o coronel Alessandro Regis não faz parte dessa Comissão, portanto não teria como cumprir com uma promessa como esta.

A defesa segue para provar a inocência do sargento Leneker.

Nota da Polícia Militar

A Polícia Militar do Estado de Goiás informa que a Corregedoria acompanhou integralmente o cumprimento dos mandados judiciais relacionados à investigação conduzida pela Polícia Civil que envolve militares da Corporação.

A Instituição permanece à disposição das autoridades competentes, colaborando com todos os procedimentos investigativos e cumprindo rigorosamente as determinações legais e judiciais.

Reforçamos que os processos de promoção na PMGO seguem estritamente os critérios, regras e requisitos previstos na legislação vigente.

A Polícia Militar mantém seu compromisso permanente com a ética, a moralidade e o respeito às leis, não tolerando condutas que se afastem dos princípios institucionais.