CARTA ABERTA

“Por favor, não escutem quem diz que hospitais estão vazios”, diz médica goiana

A médica cirurgiã goiana Amanda Rincon, de 31 anos, aproveitou a visibilidade das redes sociais…

A médica cirurgiã goiana Amanda Rincon, de 31 anos, aproveitou a visibilidade das redes sociais para fazer um alerta sobre a percepção da covid-19 entre a população. “Em toda minha vida nunca pensei que fosse viver algo tão bizarro como essa doença”, postou. “Ela simplesmente ataca. Ataca e mata. Não é só uma gripezinha”, alerta.

Ela trabalha no Hospital de Campanha, instalado no Hospital do Servidor, em Aparecida de Goiânia, em que a jornada de trabalho lida diretamente com pacientes de covid-19 e é considerada por ela mesma como intensa. “O psicológico mantenho firme, com fé e esperança de que tudo isso irá passar”, disse ao Mais Goiás.

Na carta aberta aos cidadãos, Amanda diz que foi motivada a escrever após receber a notícia de que mais um amigo havia sido diagnosticado com a doença causada pelo coronavírus Sars-Cov-2. 

“Estou com vários amigos infectados e, por Deus, estão evoluindo bem, o que não me tira o aperto no peito diante de uma doença tão grave e que evolui tão agressivamente mal de uma hora para outra”, aponta.

Hospitais vazios

Amanda alerta para que as pessoas não escutem quem diz que os hospitais estejam vazios, pois não estão. Ela afirma que estão lotados, abarrotados. Ainda explica que mesmo que haja ventiladores, os pacientes morrem porque a doença é muito agressiva.

“Mas o pior de tudo isso é ver um paciente com falta de ar. Sufocado, agoniado, agitado. Sem conseguir fazer a coisa mais básica dessa vida: R-E-S-P-I-R-A-R”, diz a médica.

Fiquem em casa

Ela relata que muitos pacientes a perguntam se vão ficar bem, se serão intubados. E “de repente tá no tubo, no ventilador, com acesso central e na UTI [Unidade de Terapia Intensiva]”. 

“Não é fácil estar na linha de frente”, continua no desabafo. “É sacrificante, cansativo e estressante. Requer calma, paciência, fé e perseverança. Então, por Deus, fiquem em casa se puderem. Respeitem a quarentena”, pede. 

“Não aceitem a ideia de que todo mundo vai pegar, porque nós podemos lutar e fazer o possível para não passar por essa doença. Precisamos entender que alguma mensagem maior está sendo enviada a nós para pensarmos no coletivo, no outro. Ter empatia e amor ao próximo. Isso é bíblico. Então, não se entreguem a pequenos prazeres que podem sacrificar você e a todos ao redor”, enfatiza na carta aberta.

Dados

O estado de Goiás registrou 13.366 casos confirmados de covid-19, de acordo com boletim divulgado na quinta-feira (18). São 264 óbitos. A taxa de letalidade é de 1,97%.