Presença do youtuber de direita Wilker Leão na UEG irrita professores e colegas: ‘impostor’
Wilker se matriculou no curso de História da UEG, no campus Formosa, depois de ser expulso da UnB

Recém-chegado ao curso de História da Universidade Estadual de Goiás (UEG) depois de ser expulso da Universidade de Brasília (UnB) por filmar professores e alunos sem consentimento para debochar deles, o youtuber de direita Wilker Leão virou persona non grata para comunidade acadêmica já nas primeiras aulas. Vídeos postados pelo próprio Wilker mostram a voz de uma pessoa, que seria professor, dizendo que a UEG não foi criada para ser palco de “especulação midiática”: “Não vamos aceitar impostor vir pra cá, intimidar colega”, diz a pessoa não identificada.
O vídeo mostra apenas o rosto de Wilker reagindo às declarações direcionadas a ele. O youtuber ri a cada frase dita pelo interlocutor. “Não adianta vir aqui para dentro da UEG pregar essa especulação midiática”, diz a pessoa. “Aqui dentro da UEG, nós vamos trabalhar para o avanço da educação, porque é pra isso que a UEG foi criada. Para o povo, para os que mais precisam, não para fazer defesa especulativa, cretina, canalha. Não foi pra isso que a UEG foi criada. Aqui nós já lutamos muito e vamos continuar lutando. Não vamos aceitar impostor vir pra cá, intimidar colega, professores.
Wilker pede o microfone em seguida para responder: “Eu não estou aqui para expor ninguém, eu não tô aqui para ridicularizar nada. Eu tô aqui para ser um contraponto e mostrar a realidade porque eu acho que a gente tem que ter o direito. Tanto quem é de um lado, quanto do outro, de poder questionar. Eu tô sentindo muita falta disso, em muita gente, nas universidades públicas, mas eu tô vendo uma faixa aqui que chega a me incomodar também, que é ‘o agro mata…’, ‘o agro é assassino’. Jargões rasos que não querem dizer nada. Em que sentido isso? Sem o outro lado, o de um especialista, pra poder contrapor e apresentar sua visão. Então, nesse sentido a minha pergunta é: o debate realmente tá sendo debate ou tá sendo só militância? O outro lado devia ter parte em um debate assim, na visão de vocês?”.
Transferência polêmica
Wilker foi expulso da UnB em agosto de 2025, depois de ser concluído um processo disciplinar no qual a conduta dele foi analisada. Em vídeo postado em seu canal com trecho de um audiência sobre seu processo disciplinar, Wilker Leão escreveu, na descrição da postagem, que estava cursando História “justamente por ser um dos cursos que a esquerda mais dominou com suas narrativas ideológicas e doutrinárias. Combater isso é o meu principal objetivo dentro da universidade federal”.
- LEIA TAMBÉM: Wilker na UEG: universidade não vai tolerar gravações que causem prejuízo à instituição
Após ser defenestrado da UnB, Wilker se matriculou no campus de Formosa da UEG. Um seguidor perguntou-lhe, nos comentários da postagem, por que ele decidiu estudar em Goiás. A resposta foi: “! Porque dá pra ir pra Formosa morando em Brasília. Qualquer outra eu teria que me mudar daqui”.
Em dezembro do ano passado, a UnB suspendeu o rapaz de duas disciplinas – História da África e História do Brasil – por 60 dias. A medida foi tomada porque, segundo a UnB, e estudante “atrapalhava as aulas”.
Na época, a universidade justificou que, ao gravar as aulas e publicar o conteúdo nas redes sociais sem autorização dos envolvidos, o aluno atrapalha a explicação do conteúdo e também os outros estudantes matriculados nas disciplinas.
Em agosto, Wilker Leão já havia sido condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal por difamação e injúria contra um professor da disciplina de História da África.
O estudante gravou e divulgou em redes sociais vídeos das aulas sem autorização, com comentários ofensivos e depreciativos contra um professor.
De acordo com a Justiça, o estudante atingiu a honra do professor ao expor o que chamava de “doutrinação comunista” no curso de história.