DEFESA

Procurador da Assembleia Legislativa de Goiás preso em ação da polícia diz não conhecer alvos

Advogado de Cristiano Oliveira, Romero Ferraz afirmou que o cliente dele nunca foi ouvido sobre os fatos apurados

O advogado Romero Ferraz Filho, que representa o procurador da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Cristiano Oliveira de Siqueira, disse que o cliente dele não conhece os fatos que lhe são atribuídos e nem as pessoas presas com ele nesta terça-feira (20). Na data, a Polícia Civil de Goiás (PCGO) deflagrou a Operação Prince John, que apura fraude de impostos, culminando na prisão temporária de cinco pessoas. Para o jurista, não há necessidade da detenção decretada.

A polícia teria apreendido cerca de R$ 190 mil na casa do procurador. Em nota, a Casa de Leis disse desconhecer a ação e que “não se responsabiliza por qualquer ato ilícito cometido por qualquer um dos servidores que não tenha relação com a administração legislativa”.

Já o advogado de Cristiano, Romero Ferraz, afirmou que o cliente dele nunca foi ouvido sobre os fatos apurados. “Tivesse sido, por certo, teria condições de esclarecer e evidenciar a inexistência de qualquer fato ilícito praticado. E ainda, que os valores por si recebidos são inerentes a recebimento de honorários advocatícios por serviços devidamente prestados, conforme se comprovará em Juízo.”

Operação

Conforme a corporação, todos os alvos são suspeitos de participarem de um esquema de falsificação de documentos públicos, que serviriam para fraudar o pagamento de impostos no Estado. Investigações mostram que a quadrilha movimentou, em apenas 2 anos, quase meio bilhão de reais. Ao todo, foram 15 mandados de busca e apreensão nos municípios de Goiânia, Acreúna, Edeia, Paraúna e Goianésia; cinco mandados de prisão temporária e a Justiça autorizou o sequestro de mais de R$ 5,3 milhões.

A própria Secretaria da Economia foi quem denunciou o caso à Polícia Civil, em 2024. Apuração feita pela Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (Deccor) descobriu que o grupo, composto por uma advogada, dois tabelionários que trabalhavam em um cartório e os dois servidores públicos, procuravam parentes de pessoas falecidas recentemente e prometiam reduzir a 2% os valores do Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD). Normalmente, segundo o delegado Bruno Barros, da Deccor, a alíquota desse imposto chega a 8%.

Além de terem informações privilegiadas sobre quem deveriam abordar, os golpistas falsificavam documentos. Apesar de receberem altos valores, eles nunca conseguiam a redução do imposto. Somente uma das vítimas, conforme apurou a polícia, repassou R$ 17 milhões ao grupo.

Crimes apurados:

  • Associação criminosa;
  • Estelionato;
  • Falsificação de documento público;
  • Falsidade Ideológica;
  • Uso de documento falso;
  • Corrupção passiva;
  • Corrupção ativa; e
  • Extorsão.

Joias também

Durante o cumprimento dos mandados de prisão realizados na manhã desta terça-feira, os agentes da Deccor encontraram, também, dinheiro e joias – somado ao valor apreendido com o procurador da Alego, seriam aproximadamente R$ 300 mil. Em dois anos, de acordo com as investigações, o grupo criminoso movimentou R$ 350 milhões e realizou saques em valores que ultrapassam R$ 4 milhões.

As identidades dos cinco presos, que responderão por associação criminosa, estelionato, falsificação de documento público, falsidade ideológica, uso de documento falso, corrupção passiva, corrupção ativa e extorsão, não foram reveladas.

Por meio de nota encaminhada à imprensa, a Secretaria da Economia disse que acompanha o caso e espera a conclusão das investigações para definir o futuro do servidor. Já a Alego afirmou desconhecer detalhes sobre a operação, mas afirmou que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta. A pedido da PC, os dois servidores foram afastados de suas funções por 60 dias.

Nota da defesa do procurador

O advogado ROMERO FERRAZ FILHO, responsável pela defesa técnica do Advogado e Procurador da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás, CRISTIANO OLIVEIRA DE SIQUEIRA, esclarece que seu cliente nega veementemente os fatos que lhe são atribuídos e que não conhece as pessoas que foram presas nesta ocasião.

Esclarece, ainda, que seu cliente nunca foi ouvido sobre os fatos apurados. Tivesse sido, por certo, teria condições de esclarecer e evidenciar a inexistência de qualquer fato ilícito praticado. E ainda, que os valores por si recebidos são inerentes a recebimento de honorários advocatícios por serviços devidamente prestados, conforme se comprovará em Juízo.

Por fim, registra que acessou há pouco o processo e que entende inexistirem elementos concretos que evidenciam a necessidade da prisão temporária decretada, a qual espera ser revogada, uma vez que todas as provas foram colhidas e as diligências investigativas cumpridas, conforme comunicação da AUTORIDADE POLICIAL.”

Nota da Assembleia Legislativa de Goiás

A Assembleia Legislativa de Goiás não tem conhecimento da operação da Polícia Civil que investiga um dos servidores da Casa. A Alego não se responsabiliza por qualquer ato ilícito cometido por qualquer um dos servidores que não tenha relação com a administração legislativa. A Assembleia Legislativa de Goiás reprova veementemente este tipo de conduta e está à disposição da Polícia Civil e dos órgãos competentes para colaborar com as investigações.

Nota do Sindifisco

O Sindicato do Funcionários do Fisco do Estado de Goiás (Sindifisco-GO) tomou conhecimento da operação conduzida pela Polícia Civil de Goiás (PC-GO), que resultou na detenção de um de seus filiados.

A entidade acompanha os desdobramentos do caso por meio de seu Departamento Jurídico e aguarda atualizações sobre as investigações, reafirmando sua confiança no respeito ao devido processo legal e na presunção de inocência do servidor envolvido.