Protesto por moradia em Goiânia termina com três detidos após ação policial
Organizadores da ocupação consideraram “desproporcional” a presença dos policiais, já que, durante a negociação, a desocupação já estava em andamento

Protesto por moradia em Goiânia, no domingo (7), teve três pessoas detidas. Na ocasião, cerca de 20 famílias ocuparam um prédio na rua R-38, no Setor Oeste, durante a madrugada. A ação fez parte do ato chamado Ocupação Pedro Nascimento, que questionava as comemorações do Dia da Independência.
A mobilização, primeira realizada em Goiás, fez parte de uma ação nacional organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), que realizou 18 ocupações em 15 estados do país. Em Goiânia, a maioria das famílias presentes já vive na Ocupação São Marcos e relatou sofrer constantes ameaças de despejo e insegurança em relação à moradia. O protesto pedia pela regularização das ocupações e denunciava o déficit habitacional no Brasil.
O prédio ocupado pertence a uma empresa privada. Os proprietários informaram que o local já foi alugado para a Universidade Estadual de Goiás (UEG) e atualmente está em preparação para receber uma torre residencial. Por volta das 11h da manhã, a Polícia Militar realizou a desocupação.
De acordo com relatos de militantes, a operação contou com Tropa de Choque, viaturas do Batalhão de Eventos (Bepe), Batalhão do Giro, caminhão do Corpo de Bombeiros e até helicóptero da PM.
Os organizadores da ocupação consideraram “desproporcional” a presença dos policiais, já que, durante a negociação, a desocupação já estava em andamento. As famílias foram retiradas do prédio e levadas em um ônibus para a Central de Flagrantes.
Prisões
Três pessoas que acompanhavam o ato foram presas, entre elas Guilherme Darques, coordenador do MLB, Gabryel Henrici, presidente da Unidade Popular (UP) em Goiás, e Guilherme Martins, militante da UP. Dois foram liberados após assinarem Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e um precisou pagar fiança.
Segundo os organizadores, não havia ordem judicial para o despejo. “Foi uma ocupação pacífica, desarmada. As famílias estavam apenas reivindicando um direito básico: o de ter um teto para morar”, afirmou uma pessoa ligada à UP, que preferiu não se identificar.
Pedro Nascimento
O nome da ocupação faz referência a Pedro Nascimento, militante morto a tiros durante a Ocupação Sonho Real, no Parque Oeste Industrial, em Goiânia, em 2005. Na época, cerca de 3 mil famílias reivindicavam o direito à moradia. Pedro foi morto com disparos efetuados pelas costas depois que as familias “já haviam erguido bandeiras brancas pedindo paz”, conforme informações dos organizadores.
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