Técnico de internet fez ligação de vídeo com esposa minutos antes de ser morto pela PM, em Goiânia
Policiais envolvidos foram indiciados por homicídio duplamente qualificado

Momentos antes de ser executado por policiais militares, o técnico de internet Allan Carlos Porto Carrijo, de 36 anos, fez uma chamada de vídeo com a esposa para mostrar que estava bem, mesmo após ter sido linchado. O relato consta no relatório final do inquérito da Polícia Civil, ao qual o Mais Goiás teve acesso. O documento conclui que Allan estava desarmado no dia 12 de junho de 2024, quando foi assassinado, em Goiânia. Os policiais militares envolvidos foram indiciados.
Segundo o depoimento, Allan mostrou o próprio corpo durante a ligação para tranquilizá-la, após ter sido agredido por populares que o acusaram falsamente de tentativa de estupro. A mulher relatou que ele estava sem camisa e sem ferimentos aparentes, e que era possível ver nitidamente que não portava nenhuma faca ou outro tipo de arma.
“Além de estar sem camisa, ele também estava com medo de ser morto pelos policiais militares e jamais esboçaria qualquer tipo de reação que incentivasse uma ação agressiva contra ele”, completou. Ela também afirmou que Allan tinha muito respeito pela Polícia Militar.
Versão dos PMs
A versão relatada pela esposa da vítima confronta diretamente a alegação dos policiais Tiago Nogueira Chaves, de 37 anos, e Igor Moreira Carvalho, de 31, que disseram ter reagido a um ataque com faca. Segundo a investigação, a faca de caça de 33 cm encontrada no local foi plantada para simular uma cena de legítima defesa.
Os PMs foram indiciados por homicídio duplamente qualificado, fraude processual e furto. Eles também são acusados de manipular a cena do crime e destruir provas, como o descarte de um dos celulares da vítima em uma mata às margens da GO-070. O aparelho corporativo tinha rastreador e poderia ter registrado parte da ação policial.
A Polícia Civil solicitou a prisão preventiva dos agentes.
Leia também: