Tenente-coronel Marques Almeida se entrega à PF em Goiânia para cumprir prisão domiciliar
Após a tentativa de fuga de Silvinei Vasques, ministro Alexandre de Moraes determinou medidas cautelares para o militar e outros condenados na trama golpista

O tenente-coronel do Exército Guilherme Marques Almeida, condenado a 13 anos e 6 meses de prisão por tentativa de golpe de Estado, esteve na Polícia Federal (PF), em Goiânia, na tarde desta segunda-feira (29). Ele estava na Bahia e avisou que se entregaria para cumprir a medida cautelar de prisão domiciliar, conforme determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Após a tentativa de fuga do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, capturado no Paraguai, Alexandre de Moraes determinou o cumprimento de prisão domiciliar do “Kid Preto” e de outros acusados por precaução, apesar do processo estar em fase de recurso. No caso do militar, a medida cautelar será cumprida em Goiânia.
As medidas cautelares incluem, ainda, a proibição de utilizar redes sociais e de manter contato com outros investigados no processo. Ele também deverá utilizar tornozeleira eletrônica.
Marques Almeida é ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas da capital goiana e foi alvo da Operação Tempus Veritatis em fevereiro de 2024. Entre as missões para o Exército Brasileiro, Marques Almeida também atuou como instrutor na “Escola de Operações Psicológicas do Exército Peruano”. O trabalho ocorreu entre maio de 2020 e janeiro de 2022, período da pandemia da Covid-19, conforme informações do Diário Oficial da União.
Mas ainda sobre as investigações, elas apontaram que ele fazia parte de um núcleo encarregado de disseminar desinformação e atacar o sistema eleitoral. Em um áudio obtido pela Polícia Federal (PF), o tenente-coronel falava em “sair das quatro linhas” para viabilizar o golpe após o pleito de 2022.
“Esse é o nosso mal, a gente não está saindo das quatro linhas. Vai ter uma hora que a gente vai ter que sair ou então eles vão continuar dominando a gente. É isso, cara, infelizmente é isso”, afirmou em gravação extraída de celulares e computadores apreendidos. “A eleição não vai voltar atrás, mas isso é o jogo dentro das quatro linhas que, até agora, o que a gente não apresentou foi o jogo fora”, completou.
Em outro momento, ele criticava os comandantes das Forças Armadas. Para ele, o então ministro da Defesa deveria se pronunciar. “Até agora, a decisão foi manter o silêncio. Eu acho que os caras estão numa zona de conforto. O cara sabe que qualquer declaração, nesse momento, vai ganhar todos os holofotes da mídia, porque a mídia está buscando notícias. Se alguém das Forças Armadas falar agora, é barro. Então, acho que quem teria que falar alguma coisa seria o general Paulo Sérgio, não o comandante da força. Acho que teria que ser o ministro da Defesa.”
Ele ficou conhecido por desmaiar durante a operação da PF que o tinha como um dos alvos e precisou ser socorrido. Na ocasião, Almeida se recuperou e ajudou nas buscas. No julgamento do STF, ele pertencia ao núcleo 4 da trama golpista.