Cidades

Todo apoio às reivindicações dos entregadores por aplicativo

Estão mais que certos os trabalhadores de entregas por aplicativo que paralisaram seus serviços hoje…

Estão mais que certos os trabalhadores de entregas por aplicativo que paralisaram seus serviços hoje em Goiânia na luta por melhores condições de labor. Estima-se que cerca de 5 mil entregadores estão engajados nos protestos. Eles fizeram buzinaços, fecharam vias e mostram seu descontentamento perante os absurdos a que são submetidos diariamente para receber menos que o mínimo digno para a própria manutenção.

A real é que os entregadores de aplicativo vivem em situação análoga aos trabalhadores da primeira revolução industrial. Carga horária cavalar, sem garantias mínimas de remuneração, pagamento miserável, sem direito a ficar doente e receber pelo dia enfermo, sem direito a férias remuneradas, sem garantia alguma em caso de acidente de trabalho. É sério mesmo que algum facínora que se diz liberal considera isso justo?

O direito dos entregadores é o mais contemporâneo dos debates. O mundo se debruça sobre as perversas condições desse trabalho precarizado. E novas legislações surgem para garantias mínimas a quem topa esse fundamental serviço.

O que temos hoje é selvageria. E não é um cretino farialimer de ar condicionado e que fez fortuna especulando na bolsa que vai me convencer do contrário. O grande ídolo dessa rapaziada acredita que filho de porteiro não deve ir pra faculdade, que brasileiro quer viver demais e que empregada doméstica anda visitando a Disney com frequência além do ideal. Demofobia em estado puro.

Sei que as condições de mobilização hoje são diferentes daquela que os trabalhadores industriais viviam no século XIX. Os encontros presenciais no chão da fábrica fortaleciam vínculos e criavam uma identidade de classe. A lógica hoje é outra, a da dispersão. Por outro lado, os entregadores estão conectados e podem articular suas reivindicações e estabelecer seus vínculos por meio dos, veja só você que ironia, dos aplicativos.

A revolução dos entregadores não será televisionada, mas sim compartilhada nos grupos de zap.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: @leandro.silva.advogado