JUSTIÇA

Tribunal do Júri absolve homem acusado de homicídio e tentativa de homicídio em Goiânia

"Todo o procedimento teve origem em um reconhecimento realizado de forma ilegal e em depoimentos de testemunhas de ‘ouvir dizer’", afirmou a advogada

O Tribunal do Júri da Comarca de Goiânia, presidido pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara, absolveu, na quinta-feira (6), Marcos Kalebe da Silva Arantes. Ele era acusado de matar Maria Inês Inácio Vieira e de tentativa de homicídio contra Geovanna Critienne Lima de Oliveira, em janeiro de 2022, na capital. Advogada do réu, Mirelle Gonsale Maciel disse que “a decisão dos jurados foi justa e pautada nas provas produzidas ao longo do processo”.

Ainda segundo ela, “todo o procedimento teve origem em um reconhecimento realizado de forma ilegal e em depoimentos de testemunhas de ‘ouvir dizer’. Nosso cliente nunca integrou organizações criminosas. Encerra-se hoje uma injustiça que perdurou por mais de três anos”. Conforme a denúncia, Kalebe seria membro da facção Comando Vermelho (CV).

Durante o debate no julgamento, o Ministério Público e a assistência à acusação pediram a condenação por homicídio qualificado pelo motivo torpe e pelo uso de recurso que dificultou a defesa da vítima Maria Inês, além da tentativa de homicídio qualificada contra Geovanna Cristinne pelas mesmas qualificadoras. A Defesa, contudo, requereu a absolvição do acusado com fundamento na tese da ausência de provas de autoria. Os jurados entenderam por não atribuir ao acusado a autoria das lesões.

Após a absolvição, o juiz Jesseir determinou a expedição do alvará de soltura. Marcos aguardou o julgamento preso.

Denúncia

Segundo a denúncia do Ministério Público de Goiás (MPGO), o crime foi motivado por “vingança de terceiro”. Isto, porque o verdadeiro alvo seria o irmão de Maria Inês, Davi Vieira dos Santos, com quem o réu possuía um desafeto anterior – ele foi executado cerca de um mês depois, quando estava em uma tabacaria no Setor Cândida de Morais.

Na data do crime, as vítimas estavam em um carro com amigos após saírem de uma pastelaria. Em determinado momento, elas foram perseguidas pelo suspeito, conforme o MPGO, que emparelhou o veículo em um semáforo. Naquele momento, o acusado teria efetuado diversos disparos e atingido as duas vítimas.

Elas foram socorridas e levadas ao Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol). Maria Inês, contudo, não resistiu aos ferimentos e faleceu no local.