Estupro e Cárcere Privado

Vítima de ex-padre condenado por abuso relata medo de ser morto: ‘cheguei a sair do Brasil’

Eles se conheceram no Facebook e mantiveram contato por dois anos

Um rapaz que diz ter sido vítima de estupro e cárcere privado praticados pelo ex-padre Marcos Aurélio Costa da Silva, condenado a oito anos de prisão pelos crimes no Tocantins, relatou em entrevista ao Mais Goiás que tem medo de ser morto em razão das denúncias que fez contra o religioso.

“Precisei ser acompanhado por psicólogo e psiquiatra. Pela igreja, eu deveria ter deixado a situação passar, eu cheguei a viajar para fora do Brasil com medo. As famílias de outras vítimas dele entraram em contato comigo e falavam que ele os ameaçava de morte, por isso eu fui embora”, relatou durante entrevista.

Contextualização do caso

O início de tudo ocorreu através do Facebook. O rapaz, com o sonho de se tornar padre algum dia, conheceu Marcos Aurélio em um grupo. Eles mantiveram contato por dois anos, onde Marcos dizia que poderia ajudar na realização daquele sonho.

Em determinado momento, a vítima precisava de uma carta de recomendação para o seminário. Marcos o ajudaria, mas a carta deveria ser escrita de próprio punho e ele buscaria a carta em Palmas, se recusando a enviar pelos correios. Antes de viajar, a vítima entrou em contato com a Diocese de Porto Nacional, para saber se o homem era padre mesmo.

Com a confirmação do título, a vítima foi até Palmas. “No primeiro dia ele já me ofereceu bebida, recusei, mas ele insistiu muito e me forçou a beber. Depois eu apaguei e acordei no meio da noite com os abusos.” Ele também relatou que o condenado não o deixava sair do apartamento, era forçado a fazer massagens e tocar partes íntimas do ex-padre, sendo ameaçado de morte se não o fizesse.

Em determinado dia, quando o condenado esqueceu a chave, o rapaz conseguiu fugir e procurou a delegacia. Depois de todas as denúncias, Marcos Aurélio ainda tinha sido absolvido do caso, mas com muita insistência com o promotor de Justiça e Ministério Público, os depoimentos da vítima foram utilizados como prova contra o ex-padre, que tinham riqueza de detalhes, coerência, sem contradições.

Traumas e exclusão da igreja

“Marco procurou pessoas próximas à mim, padres de Recife, tentando saber onde eu estava e o que eu estava fazendo. Já se passaram seis anos, mas hoje não consigo mais entrar em um confessionário com um padre, não consigo mais ficar sozinho com um homem ou com uma mulher”, relatou com pesar.

Além disso, relatou exclusão do meio religioso. “Por denunciar o que passei, é como se eu ficasse contra a igreja na visão dos religiosos, nas confissões que fiz, eles me vêem como o errado da história.”

A vítima também relata que foi enviado um processo com seu depoimento para o vaticano, e com isso, Marcos Aurélio Costa da Silva foi desligado da igreja na função de padre, que inclusive já tinha outros processos contra ele.

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