Em audiência, Gayer diz que não teve intenção de ofender Vanderlan
Deputado confirma declarações contra senador em vídeo que motivou ação por calúnia

A disputa judicial entre o deputado federal Gustavo Gayer (PL) e o senador Vanderlan Cardoso (PSD) avançou mais um capítulo nesta quarta-feira (3), com a realização da audiência de instrução no Supremo Tribunal Federal (STF). O processo foi aberto por Vanderlan após Gayer publicar um vídeo nas redes sociais, chamando-o de “vagabundo” e com acusações contra o senador, conteúdo que o parlamentar do PSD considera calunioso, injurioso e difamatório.
A coluna apurou que durante o interrogatório, Gayer confirmou ter feito as declarações. Disse que gravou o vídeo por conta de um sentimento de injustiça, mas alegou que não teve intenção de ofender. Afirmou ainda que suas falas ocorreram no calor do momento e que não imputou crime algum ao senador.
O deputado também explicou que, ao citar “negociação de comissão”, referia-se à presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, e não a qualquer tipo de troca irregular. A versão tenta esvaziar a interpretação de que tenha havido uma acusação direta de corrupção.
Vanderlan Cardoso, por sua vez, não compareceu à audiência. A defesa alegou animosidade com o réu como justificativa para a ausência. Nos bastidores, a decisão é interpretada como uma tentativa de manter distância política da imagem de opositor direto de Gayer.
O advogado de Gayer considerou a audiência positiva. Disse que as declarações do deputado foram feitas no exercício da atividade parlamentar, com amparo na imunidade conferida pelo mandato. Segundo ele, ficou comprovado que Gayer fez críticas políticas, mencionou a negociação da CAE e que o tom não foi pessoal, mas institucional.
Entre as testemunhas arroladas por Gayer estavam os senadores Carlos Portinho (PL) e Magno Malta (PL), o ex-deputado Professor Alcides e o comentarista Rodrigo Constantino. Todos compareceram e prestaram depoimentos breves. O senador Eduardo Girão (Novo) foi o único ausente. Com a fase de instrução concluída, o processo agora avança para as alegações finais.
Entenda o caso
O processo teve origem em fevereiro de 2023, quando Gayer reagiu à decisão de Vanderlan de apoiar a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) à presidência do Senado. O parlamentar classificou a atitude como uma “traição à direita e às igrejas evangélicas” de Goiás, e publicou um vídeo com ofensas ao senador.
A Primeira Turma do STF aceitou integralmente a queixa-crime apresentada por Vanderlan e transformou o caso em ação penal, o que pode levar à condenação de Gayer a até cinco anos de prisão, além de eventual perda do mandato.
Nos últimos dias, o embate entre os dois políticos se acirrou, com publicações mútuas nas redes sociais. Vanderlan nega qualquer articulação política ou proximidade com o ministro Alexandre de Moraes e afirma que Gayer tenta desviar o foco do processo com desinformação.