NightVein é um jogo brasileiro em desenvolvimento para Mega Drive
Trata-se de um hack and slash com visão top-down e visual gótico

NightVein é um novo jogo em desenvolvimento para Mega Drive. É isso mesmo que você leu: o videogame da Sega, descontinuado oficialmente nos anos 1990, segue vivo, graças a criadores independentes e, neste caso, brasileiros. Sobre o título, trata-se de um hack and slash com visão top-down e visual gótico, um título de ação com “alguns pequenos toques de RPG”, conforme o programador Wesley Ferreira Marques, de 45 anos, um dos criadores e level designer da obra.
Ele descreve o game: “Você joga como Ezekiel, um orgulhoso guerreiro da Ordem Angélica, agora considerado traidor por quebrar a única lei que jamais deveria ter quebrado — amar uma mulher humana. Quando seu segredo é revelado, sua amada Eva é levada e ele é condenado à morte por sua própria espécie. Mas o destino tem outros planos.”
Atualmente, cerca de 25% do projeto está pronto. A previsão, segundo Wesley, que trabalha com Yargo Vasconcelos (direção de arte e level design) e Diggo Silva (trilha sonora, já conhecido de outros títulos do Megão) na Retro Hammer, é de lançar NightVein no fim de 2026. A equipe possui empregos regulares e família, por isso a produção se restringe às noites e fins de semana.
“O plano é entregar um jogo clássico com toques modernos, mas o foco sempre será a nostalgia e as mecânicas conhecidas.” A escolha pelo Mega Drive, inclusive, é por ser um videogame retrô com um forte cenário “homebrew”. Ou seja, os títulos produzidos e distribuídos de forma independente, fora da grande indústria.
Além disso, ele afirma que fazer um jogo retrô direto na Steam (para computador) o tornaria apenas mais um entre milhares lançados diariamente. “Mas, para uma plataforma retrô, a comunidade é menor — porém muito fiel. Isso gera um hype maior e, como somos um time muito pequeno, as limitações do Mega Drive nos ajudam a reduzir o escopo e as expectativas.”
Isso, claro, não significa que Nightvein não sairá para plataformas modernas, como PC, PlayStation 5 e outros. Segundo Wesley, existe uma versão 100% nativa e widescreen, que deve ser levada para outros videogames.

Mais sobre NightVein
Wesley revela que é gamer desde a geração do Nintendo 8 Bits e que sempre sonhou em produzir um jogo. Formado em computação, tinha a esperança de entrar para a indústria, mas a vida o levou para outras direções. Hoje, aos 45 anos, decidiu realizar o sonho.
Questionado sobre as inspirações, ele cita a mecânica de Hyper Light Drifter (RPG de ação desenvolvido e publicado pela Heart Machine com estilo retrô lançado para plataformas modernas). “Eu queria algo com aquele nível de velocidade e ação, mas adaptado a uma plataforma retrô.”
Conforme o programador, a obra é comumente associada ao RPG Bloodborne, da From Software, mas essa não foi a intenção. “Talvez pela estética gótica essa associação aconteça naturalmente.” Ele afirma que outras inspirações são filmes de vampiros como A Hora do Espanto, Blade e outros. “Adoro filmes de terror.”
Hoje, existe uma demo que pode ser baixada e testada no site retrohammer.com. Wesley explica que a ideia foi permitir que a comunidade atuasse como beta testers, ajudando com feedbacks de jogabilidade e bugs. “Nunca foi a intenção lançar algo finalizado neste momento — precisamos medir o hype e o interesse do público para ver se valeria a pena continuar. Pelo que vimos até agora, a maioria recebeu bem e entendeu a proposta, então faremos o possível para finalizar.”
Sobre questões técnicas, Nightvein deve ter cinco áreas com duas fases cada — cerca de 10 fases no total (o que ainda pode mudar). Serão, pelo menos, cinco chefes (um para cada área). Não deve ter passwords ou espaço para salvar o progresso. “Como é um jogo clássico, provavelmente não será muito longo, então talvez tenha apenas continues. Na versão nativa, que será lançada na Steam, posso considerar algum sistema de save.”
A ideia, claro, é lançar o jogo em cartucho. O game será produzido para rodar em qualquer Mega Drive. “Tenho um Mega Drive original e um modelo chinês, e sempre testo em ambos. O plano é que rode em qualquer console. Quanto à ROM, ainda preciso decidir — talvez após o lançamento do cartucho. Sei que barrar a pirataria é quase impossível, mas não quero deixar tão fácil.”
Este será o primeiro título da Retro Hammer. O foco, no momento, é finalizá-lo. Acerca de uma mensagem final, Wesley diz: “Quero agradecer à comunidade, que tem se mostrado muito interessada e sempre paciente ao reportar bugs — isso é fundamental. O jogo não é feito para nós, mas para eles.”

