Diretor de fotografia de O Último Tango em Paris nega acusações contra Bertolucci

O três vezes vencedor do Oscar de Melhor Fotografia, Vittorio Storaro, responsável pela fotografia de O Último Tango em Paris, de 1972, negou a controvérsia renascida sobre a infame cena da manteiga estrelada por Maria Schneider, então com 19 anos, e Marlon Brando, que tinha 48.

A polêmica renasceu por causa de uma entrevista concedida pelo diretor do filme, Bernardo Bertolucci, que deu a entender que a atriz não sabia o que ia acontecer na cena. Segundo o THR, o ultraje dentro e fora de Hollywood – e na internet – foi imediato. Depois, Bertolucci deu outra entrevista dizendo que não foi compreendido: o que ele quis dizer foi que Maria não sabia da manteiga, mas que todo o resto da cena estava no roteiro e já tinha sido combinada. Apenas aquele detalhe fora uma surpresa, ideia dele e de Marlon Brando momentos antes da cena.

Agora, também ao THR, a história foi ecoada por Storaro que disse: “Estra controvérsia é algo elaborado por algum jornalista ignorante. Estou enojado pelo que foi dito, pois não tem um pingo de verdade. Li que houve todo tipo de violência com ela no set e isso não é verdade, de forma alguma, isso é terrível e um absurdo! Eu estava lá. Fizemos um filme. O que acontece em cena não é real. Eu estava naquele quarto com outros dois câmeras, ninguém estuprou ninguém. Alguém inventou esta manchete para gerar um escândalo”.

Ele acredita que Bertolucci não foi bem compreendido: “Pelo que vi na entrevista, Bernardo apenas se arrepende de não ter explicado as coisas direito para Maria, ele gostaria de pedir desculpas e ter falado o que foi discutido com o Brando. Mas foi só isso. Não aconteceu nada naquela filmagem”. Segundo o diretor de fotografia, mudanças de último minuto eram frequentes no set e que Brando e Bertolucci sempre repassaram e reescreviam as cenas antes de filmá-las.

Ele também ressalta que Schneider não teve problemas com a cena: “Maria é uma atriz. Ela sabia exatamente o que estava fazendo. Ela sabia o que ia acontecer em cada cena e não tinha problemas com isso. Esse era o seu trabalho. Tudo estava escrito, ela sabia o que ia acontecer e que a cena era peculiar. Como disse, Brando e Bernardo adoravam adicionar detalhes novos às cenas e foi só isso o que aconteceu”.

Vittorio também disse que todos estavam satisfeitos e felizes com o filme no final das filmagens: “Era uma energia e uma atmosfera incrível e Maria, disso eu me lembro bem, chorou no último dia porque ela não queria que acabasse”. Ao mesmo tempo, ele disse não estar surpreso que o filme ainda seja polêmico e relembra o lançamento: “Ele foi banido na Itália. Políticos queriam que as cópias fossem destruídas, queimadas”.

E o pior é que a cena não pode mais ser esclarecida já que Schneider faleceu em 2011, deixando a palavra final com Bertolucci e Storaro.