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Linfoma em cachorro: o que tutores precisam saber após o caso de Bogo, pet de Márcio Garcia

Confira dicas de especialista sobre como identificar sintomas, conduzir exames e proporcionar bem-estar durante o tratamento

Desde que o ator Marcio Garcia revelou publicamente que seu cachorro Bogo enfrenta câncer, tutores de todo o país passaram a discutir com mais atenção o linfoma canino, uma das neoplasias mais comuns e agressivas em cães. A doença ocorre quando os linfócitos se multiplicam de forma descontrolada, afetando linfonodos, órgãos internos ou outros tecidos, o que torna essencial um diagnóstico preciso, realizado por meio de citologia, biópsia e exames laboratoriais e de imagem, para definir o tratamento adequado.

A revelação do ator trouxe à tona um dilema que acomete milhares de famílias: vale a pena tratar? Segundo especialistas, a resposta depende de uma análise ampla, considerando tipo de linfoma, estágio da doença, idade e condições gerais do animal. Atualmente, a quimioterapia continua sendo o tratamento mais indicado para a maior parte dos linfomas multicêntricos, que apresentam caráter sistêmico. Protocolos como o CHOP, combinação de quatro medicamentos amplamente estudados em oncologia veterinária, oferecem taxas significativas de remissão clínica.

De acordo com a oncologista veterinária Iara Zamorano, a quimioterapia ainda é a opção com maior potencial para estabilizar a doença e proporcionar períodos prolongados de bem-estar ao animal. “Muitos cães retomam o apetite, o ânimo e a rotina após o início das sessões”, afirma a especialista ao GLOBO. Apesar disso, ela lembra que a taxa de cura é baixa e que recidivas são esperadas, exigindo acompanhamento rigoroso.

Estudos indicam que a sobrevida média de cães tratados com protocolos completos varia entre 12 e 16 meses, embora alguns animais possam viver dois anos ou mais. Para grande parte dos tutores, entretanto, o principal benefício do tratamento é a qualidade de vida durante o período de remissão.

“Uma dificuldade comum é a tolerância aos efeitos colaterais. A quimioterapia em cães costuma ser mais branda que em humanos, mas pode provocar desânimo, distúrbios gastrointestinais e alterações hematológicas. Por isso, exames periódicos e suporte clínico são indispensáveis”, alerta a Dra. Iara.

A decisão de iniciar ou não o tratamento costuma ser complexa e emocionalmente desgastante. O caso de Márcio Garcia evidencia que cada família precisa equilibrar expectativa de vida, resposta ao tratamento, condições financeiras e, acima de tudo, o bem-estar do animal. A Dra. Iara reforça que o mais importante é:

“Alinhar expectativas e esclarecer todas as possibilidades com um oncologista veterinário, sempre com foco no conforto e na dignidade do pet. Em muitos casos, a combinação entre tratamento médico adequado e cuidados paliativos individualizados permite que o animal viva um período significativo com qualidade.”

O relato de Bogo também destaca a importância do diagnóstico precoce. “Sinais como aumento de linfonodos, perda de peso, cansaço e alterações no apetite devem sempre motivar uma avaliação imediata. Quanto mais cedo o linfoma é detectado, maiores são as chances de remissão e de resposta favorável aos tratamentos disponíveis”, completa a oncologista, que lidera a Clínica Veterinária Mais Vet.

Via O Globo