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Pedro Paulo Rangel fez o primeiro nu masculino e um dos primeiros gays da TV

Ator morreu aos 74 anos na madrugada desta quarta-feira (21)

Pedro Paulo Rangelmorto aos 74 anos na madrugada desta quarta-feira (21), foi uma presença marcante na televisão brasileira por décadas, desde sua estreia, em 1968, com a novela “Super Plá”, de Bráulio Pedroso, exibida pela extinta Tupi.

O ator estava internado desde o dia 30 de outubro na capital fluminense em razão de um enfisema pulmonar, doença degenerativa que pode ser causada por cigarro e outras toxinas no ar.

Desde os anos 2000, o ator convivia com uma doença no aparelho respiratório, a que ele atribuía ao hábito de fumar por mais de 30 anos.

Pepê, como era chamado pelos amigos, quebrou tabus ao longo de sua carreira. Fez o primeiro nu masculino da TV brasileira em “Gabriela“, em 1975.

Seu personagem, Juca, e a amante, Chiquinha, vivida por Cidinha Milan, eram jogados nus no meio da rua depois de serem flagrados pelo marido dela. O enquadramento distante permitiu que a cena fosse liberada pela censura.

Cidinha Milan e Pedro Paulo Rangel em cena da novela ‘Gabriela’, de 1975, cena que marca o primeiro nu masculino na TV – Reprodução/Globoplay

Pedro Paulo Rangel teve uma carreira profícua no teatro. Desempenhou papéis em montagens como “O Mercador de Veneza” (1996) e “Sermão da Quarta-Feira de Cinzas” (1977), inspirado no escritor barroco padre Antônio Vieira.

Com talento para o humor, trabalhou com Jô Soares no programa “Viva o Gordo”, em 1982. A Globo depois o convidou para fazer parte da histórico programa de humor “TV Pirata“.

Mais tarde, em 1992, ele interpretou Adamastor, um dos primeiros personagens abertamente gays da TV brasileira, em “Pedra sob Pedra”, escrita por Agnaldo Silva.

O folhetim teve ainda outro personagem homossexual, Paulo Henrique, interpretado Reinaldo Gonzaga, mas este foi criado ao fim da narrativa, enquanto o outro estava presente desde o início.

Pedro Paulo também participou de séries da emissora, como “O Primo Basílio“, lançada em 1988 e inspirada no livro homônimo do português Eça de Queiroz.

Nos últimos anos, o ator participava da peça solo “O Ator e o Lobo”, do diretor Fernando Philbert. A internação em outubro desse ano suspendeu a temporada da peça, que tinha algumas cenas inspiradas na sua vida.