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Por que comemos panetone no Natal? Conheça a história e as lendas do doce

Confira a origem do nome e veja ainda como foi a chegada do panetone no Brasil

Por que comemos panetone no Natal é uma pergunta que volta todos os anos, junto com a presença quase obrigatória do doce nas mesas brasileiras. Símbolo das ceias de fim de ano, o panetone é um pão adocicado, de origem italiana, tradicionalmente recheado com frutas cristalizadas e uvas-passas, conhecido pelo formato alto e topo em forma de cúpula. Ao longo do tempo, ganhou variações populares, como o chocotone, feito com gotas de chocolate, mas manteve seu espaço como um dos principais ícones do Natal.

O que é o panetone e por que ele virou tradição natalina?

O panetone é consumido em larga escala na Itália, em países do sul da Europa e na América do Sul, especialmente no Brasil. Produzido com uma massa leve e aerada, ele sempre esteve associado a momentos de celebração, partilha e união familiar — valores centrais do Natal.

Historicamente, pães mais elaborados, feitos com ingredientes caros e pouco acessíveis, eram reservados para datas especiais. Assim, o consumo do panetone no Natal passou a representar fartura, prosperidade e generosidade, já que dividir o pão simbolizava compartilhar o melhor que se tinha.

A origem do panetone: Itália e mistério histórico

As origens do panetone não são totalmente comprovadas por documentos históricos. O que se sabe é que ele foi criado na Itália, com forte ligação à cidade de Milão e a outras regiões do norte do país.

Há indícios de que o panetone tenha surgido ainda na Idade Média, período em que pães especiais eram preparados para celebrações religiosas. A primeira menção documentada data de 1470, em um manuscrito encontrado na Biblioteca Ambrosiana de Milão, que cita o consumo de pães açucarados.

Alguns historiadores também levantam a hipótese de uma influência ainda mais antiga, do período romano, quando já existiam pães adoçados com mel. No entanto, grande parte do que se sabe sobre sua origem vem de lendas populares.

A lenda mais famosa sobre a criação do panetone

Entre as histórias mais conhecidas está a lenda que atribui o surgimento do panetone ao ano de 1495, na corte do duque de Milão, Ludovico Sforza. Durante um banquete de Natal, a sobremesa oficial teria queimado. Para salvar a celebração, um ajudante de cozinha chamado Toni improvisou um pão fermentado com farinha, ovos, açúcar, frutas cristalizadas e passas.

O resultado agradou tanto que o doce teria sido batizado de “pão de Toni”, ou “pan di Toni”, expressão que, com o tempo, teria evoluído para panetone. Apesar de ser apenas uma lenda, a história reforça o vínculo do doce com as festas natalinas italianas.

De onde vem o nome panetone?

A origem do termo panetone também não é totalmente definida. Uma das explicações mais aceitas aponta para a junção das palavras italianas “panetto” (pão pequeno) e “panone” (pão grande), indicando um pão especial, feito para ser dividido.

Outra versão remete novamente ao “pan di Toni”, associando o nome ao personagem da lenda. No dialeto italiano, o termo carrega a ideia de algo grandioso e coletivo, reforçando o simbolismo do doce no Natal.

Por que o panetone faz parte do Natal?

A ligação entre panetone e Natal está diretamente associada ao significado da data. O Natal representa celebração, união e partilha, e o panetone se encaixa perfeitamente nesse contexto por ser um alimento feito para ser compartilhado.

Especialistas em cultura alimentar destacam que o pão doce simboliza abundância, já que reúne ingredientes que, historicamente, não faziam parte da alimentação cotidiana. Cortar o panetone em fatias e distribuí-lo entre familiares e amigos tornou-se um gesto de proximidade e confraternização.

A chegada do panetone ao Brasil

No Brasil, o consumo do panetone no Natal ganhou força com a imigração italiana, a partir de 1874, principalmente em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Com o tempo, o doce foi incorporado à cultura brasileira e adaptado ao paladar local.

Um marco importante dessa popularização foi a atuação da Bauducco. Em 1952, a empresa abriu as portas no bairro do Brás, em São Paulo, e ajudou a transformar o panetone em um produto amplamente consumido no país.

Bauducco, chocotone e produção em larga escala

Fundada por Carlo Bauducco, a marca trouxe ao Brasil a receita original do panetone italiano, incluindo o uso da massa madre, fermento natural típico de Milão. Décadas depois, a empresa lançou o Chocottone, versão com gotas de chocolate que conquistou principalmente o público mais jovem.

Atualmente, a Bauducco produz cerca de 80 milhões de panetones e chocotones por ano, exportando para mais de 50 países, e é considerada a maior produtora de panetones do mundo.

Consumo do panetone hoje

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, o Brasil consumiu aproximadamente 49,7 mil toneladas de panetone.

Os números reforçam que, independentemente de preferências pessoais — com ou sem frutas cristalizadas —, o panetone segue como um dos maiores símbolos do Natal, atravessando gerações, culturas e opiniões.