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Por que comemos uva-passa no Natal? Entenda de onde vem a tradição

De onde vem a uva-passa consumida no Brasil? E como incluir na ceia?

A cada fim de ano, muita gente volta a debater por que comemos uva-passa no Natal e de onde vem essa tradição tão presente na ceia, já que a fruta divide opiniões como poucos ingredientes. Enquanto alguns defendem com paixão a presença da uva-passa no arroz, na farofa, no salpicão e no panetone, outros torcem o nariz — mas fato é que ela se tornou um símbolo do período festivo, tão marcante quanto as árvores iluminadas e as decorações vermelhas e verdes. Veja abaixo como incluir a fruta na ceia!

Mesmo sendo protagonista de inúmeras polêmicas, a uva-passa tem uma história longa e importante na alimentação humana. Segundo especialistas, seu consumo começou há mais de 4 mil anos no Oriente Médio, onde frutas secas como tâmara, figo e damasco eram amplamente cultivadas. Como o açúcar era caro e difícil de encontrar, a fruta desidratada funcionava como adoçante natural. “O pão doce não existia sem a uva-passa, ou ele não seria doce”, explica Berenice Giehl Zanetti, professora do IFSC.

Essa tradição se espalhou no período da Roma Antiga. Quando uvas caíam das parreiras e secavam naturalmente sob o sol, romanos passaram a misturá-las a diversas receitas para evitar desperdício. Daí nasceu o hábito que séculos depois seria associado às festividades de inverno no Hemisfério Norte — raízes pagãs que deram origem ao Natal atual. A festa “dies solis invicti natalis”, em 25 de dezembro, celebrava o deus Mitra e foi ressignificada pela Igreja Católica para marcar o nascimento de Cristo. As frutas secas, incluindo a uva-passa, já eram presença garantida nessas celebrações.

De onde vem a uva-passa consumida no Brasil?

Apesar de estar em praticamente todas as ceias, quase 100% da uva-passa consumida no Brasil é importada. Em 2024, segundo o Comex Stat, o país trouxe 22 milhões de quilos da Argentina — cerca de 80% de todo o volume adquirido no exterior. Uzbequistão, Índia, Irã e Chile também aparecem entre os principais fornecedores.

O motivo é simples: o Brasil não tem clima ideal para secagem natural das uvas. “O processo exige 15 dias ininterruptos de calor e tempo seco, o que não acontece nas regiões produtoras aqui”, explica Reginaldo Teodoro de Souza, pesquisador da Embrapa.

O processo de desidratação não adiciona açúcar extra — o sabor doce vem da própria fruta. “A evaporação da água concentra o açúcar natural”, reforça a professora Berenice Zanetti.

Como incluir a uva-passa na ceia de Natal?

Mesmo com tantos fãs — e muitos haters —, a uva-passa pode brilhar no cardápio se usada com equilíbrio. A chef Carol Haddad recomenda evitar exageros: colocar o ingrediente em tudo pode deixar os pratos com o mesmo sabor adocicado. Ela sugere apostar em receitas onde a fruta faz par perfeito com gordura, como farofa e salpicão.

No salpicão, aliás, o efeito é ainda melhor no dia seguinte, já que a fruta se destaca mais com o descanso da receita. E o prato pode ser preparado com sobras da ceia, como frango, chester, peru ou tender.

Amada ou odiada, a uva-passa segue firme como um dos símbolos mais antigos e curiosos do Natal — e, pelo visto, continuará rendendo discussão nas mesas brasileiras por muitos anos.