*Fabrício Moretti é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo
Mostra em Goiânia tem estreia de ‘O Grande Circo Místico’ com presença do diretor
Mais Goiás esteve na pré estreia do filme, dentro da mostra "O amor, a morte e as paixões", e conversou com o diretor Cacá Diegues
Na segunda-feira (12), foi realizada no Lumière do Bougainville o pré-lançamento da mostra “O amor, a morte e as paixões”. O Mais Goiás esteve na pré-estreia, que contou com uma sessão exclusiva de “O Grande Circo Místico”, com a presença de Carlos Diegues, diretor e roteirista do longa.
O filme de Cacá – como é conhecido – é a produção nacional selecionada para concorrer à vaga no Oscar 2019, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, e disputou a indicação com produções como “O Animal Cordial”, de Gabriela Amaral Almeida, “Benzinho”, de Gustavo Pizzi e “Ferrugem”, de Aly Muritiba.

O cineasta, dono da cadeira de nº 7 da Academia Brasileira de Letras, disse que é um prazer trazer o longa-metragem – que é sua 18ª produção – para Goiânia. “Já levei o filme para outras cidades e a recepção do público foi ótima, espero que o mesmo aconteça em Goiânia”, disse.
“O cinema precisa ser atraente e mais divertido que a vida, eu não poderia usar outro tom, senão o lúdico”, sublinha ele sobre “O Grande Circo Místico”. “Este filme conta a história de uma família circense no período de um século. São cinco gerações, de 1910 até o início do século 21. Basicamente, são cinco mulheres lutando contra as interdições masculinas em diferentes épocas, cada uma à sua maneira”, descreve.

Sobre a ideia por trás de “O Grande Circo Místico”, o diretor conta que o roteiro foi baseado em um poema homônimo escrito em 1938, pelo poeta Jorge Lima (1893-1953). “O poema tem aproximadamente 45 versos. Eu e Jorge Moura (roteirista), trabalhamos anos no roteiro. Foram praticamente doze anos até a conclusão da obra”, comentou Cacá.
Diegues resume o filme em “uma negação do naturalismo, tão na moda atualmente”. O diretor conclui expondo a similaridade da obra com a tradição barroca. “Isso dá identidade ao Brasil. Citando um trecho de Jorge Lima que resume o filme, ‘se a sua fantasia não faz mal a ninguém, e ela é melhor que a realidade, troque a realidade por ela'”, conclui.
Cacá Diegues fez um convite especial para o “O Grande Circo Místico”, que estreia nesta quinta-feira (15). Confira no vídeo:
O professor de Cinema da Universidade Federal de Goiás (UFG), Lisandro Nogueira, comentou sobre a noite de pré-lançamento da mostra. “Foi muito bonita. Mesmo em uma segunda-feira, dia difícil, conseguimos lotar a maior sala do cinema”.
Entretanto, ele sublinhou que este não é um filme fácil. “‘O Grande Circo Místico’ pede algo ao espectador, pede atenção, que entrem na história, pois é cheia de alegorias, cenários deslumbrantes e atores ótimos. A trilha sonora está perfeita, e Diegues talvez seja o nome mais importante do cinema brasileiro vivo”, conclui Lisandro.

O filme
A história gira em torno de cinco gerações de uma mesma família circense, da inauguração do Grande Circo Místico em 1910 aos dias de hoje. Celaví, o mestre de cerimônias aparentemente imortal, mostra as aventuras e os amores dos Knieps, do apogeu à decadência, até o surpreendente final. Um longa-metragem em que realidade e fantasia se juntam em um universo místico.
A coprodução Brasil-Portugal-França, tem no elenco várias estrelas conhecidas, como Mariana Ximenes, Jesuíta Barbosa, Juliano Cazarré, Bruna Linzmeyer e o ator francês Vincent Cassel. No início de 2015, várias cenas foram rodadas no Victor Hugo Cardinali, circo de Lisboa, que ainda usa animais em suas apresentações, facilitando a gravação.
A trilha sonora fica por conta de Chico Buarque e Edu Lobo. Além de concorrer à uma vaga para disputa no Oscar, o filme passou por uma seleção no Festival de Cannes.
O amor, a morte e as paixões
Criada em 2001 pelo diretor da rede Cinemas Lumière, Gerson Santos, e por Lisandro Nogueira, a mostra a mostra “O amor, a morte e as paixões” já se consolidou no cenário goiano.
“Propomos trazer os melhores lançamentos do cinema, filmes premiados nos grandes festivais do mundo, de Cannes e berlim a Rio de janeiro e São Paulo. É uma oportunidade dos goianos ficarem por dentro do que acontece de melhor no cinema mundial. São duas semanas intensas, e em torno de 355 sessões”. Lisandro diz tentar reunir “desde hollywood até produções independentes feitas em Goiás”.
A 12ª edição da mostra vai acontecer entre 20 de fevereiro e 6 de março de 2019.

