‘Carneiros gays’ são salvos do abate por estilista de celebridades e inspiram coleção inédita
Animais se transformam em fornecedores de lã para confecção de roupas

A história dos chamados carneiros gays ganhou repercussão internacional depois que o estilista Michael Schmidt — conhecido por criar peças para Cher, Shakira e Sabrina Carpenter — decidiu transformar o destino desses animais em pauta de moda e ativismo. Em fazendas de grande produção, carneiros que não demonstram interesse por ovelhas são considerados inúteis para reprodução e, por isso, acabam enviados ao abate.
Segundo especialistas, esse comportamento ocorre em cerca de 1 a cada 12 carneiros. Muitos deles são rotulados como “não reprodutivos” ou “orientados para o sexo masculino”, mas, na prática, o resultado é o mesmo: vão para o matadouro.
Fazenda vira refúgio para carneiros descartados
A reviravolta na história começou com Michael Stücke, um fazendeiro alemão que também é gay e que, após enfrentar preconceitos no meio rural, decidiu criar a Rainbow Wool, uma organização dedicada a resgatar carneiros gays e transformá-los em produtores de lã. Stücke descobriu o destino desses animais durante seus anos criando ovelhas e decidiu oferecer uma alternativa. Hoje, ele mantém mais de 500 animais em pastagens próprias e comercializa lã proveniente dos carneiros salvos.
A ideia inicialmente foi vista como “controversa” por agricultores conservadores, mas ganhou força após a parceria com a ativista Nadia Leytes e, posteriormente, com o Grindr. A organização também doa parte da renda de produtos para instituições LGBTQ+ e oferece apadrinhamento dos animais.
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Moda, ativismo e uma mensagem global
Foi Leytes quem apresentou a história a Pineiro, executivo do Grindr, que imediatamente decidiu apoiar a causa. O aplicativo convidou o estilista Michael Schmidt para criar uma coleção de tricô usando apenas a lã dos carneiros resgatados.
Schmidt, conhecido por misturar humor, estética glam e provocações, criou 37 peças inspiradas em arquétipos da cultura pop e LGBTQ+. O desfile, chamado de Rainbow Wool Fashion Show, apresentou desde sungas de tricô até roupões e acessórios temáticos, numa proposta que mistura arte, moda e militância.
Para o estilista, a coleção vai além das roupas: “É sobre lembrar que a homossexualidade existe também no reino animal. Não é escolha, é natureza”, disse. Já Pineiro enfatizou que os carneiros gays são uma metáfora perfeita para falar sobre descarte e invisibilidade: “Eles são vistos como sem valor, e isso também acontece com muitas pessoas LGBTQ+ no mundo”.
Projeto quer inspirar produtores do mundo inteiro
A parceria rendeu visibilidade global à Rainbow Wool e abriu portas para que outros produtores adotem a mesma prática, evitando o abate de animais apenas por não se reproduzirem. A lã, considerada de alta qualidade, passou a ser vendida também para criações artesanais e peças de moda.
Mesmo sem poder acompanhar o desfile — seu marido está em tratamento contra o câncer —, Stücke celebrou a repercussão: “Significa muito ver que algo tão simples como a lã das minhas ovelhas se transformou em um movimento”.
Para Schmidt, esse é apenas o começo: “É hora de defender os direitos dos animais e os direitos humanos. Estamos vivendo um período difícil, e contar essa história ajuda a mudar mentalidades”.
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