Epstein disse em e-mail que Trump sabia de abusos sexuais e passou ‘horas’ com uma das vítimas
Milionário foi acusado de liderar uma rede internacional de tráfico humano e abuso de menores

O milionário Jeffrey Epstein, acusado de liderar uma rede internacional de tráfico humano e abuso de menores, afirmou em e-mails que o então empresário e atual presidente dos EUA, Donald Trump, sabia dos abusos sexuais cometidos em suas propriedades e chegou a passar “horas” com uma das vítimas. As mensagens, divulgadas nesta quarta-feira (12) por parlamentares democratas, reacenderam o escândalo que continua a assombrar o cenário político americano mesmo anos após a morte de Epstein, em 2019.
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De acordo com documentos da Comissão de Supervisão da Câmara, os e-mails trocados entre Epstein, Ghislaine Maxwell — condenada a 20 anos de prisão — e o escritor Michael Wolff revelam que a relação entre o milionário e Trump era “muito mais próxima” do que o presidente afirma. Em uma das mensagens de 2011, Epstein escreveu a Maxwell dizendo que “aquele cachorro que não latiu é o Trump”, mencionando o nome de uma das jovens vítimas e afirmando que ela havia “passado horas” com o republicano.
Em outro e-mail, de 2015, Wolff comenta que os mediadores de um debate presidencial planejavam questionar Trump sobre sua amizade com Epstein. O milionário responde pedindo uma estratégia para proteger o empresário: “Acho que você deveria deixá-lo se enforcar sozinho”, diz Wolff em resposta.
Casa Branca fala em “tentativa de difamação”
A Casa Branca classificou a divulgação das mensagens como uma tentativa dos democratas de “difamar o presidente Trump”. Em nota, a porta-voz Karoline Leavitt afirmou que o republicano “expulsou Epstein de seu clube Mar-a-Lago por assediar funcionárias” e que a mulher mencionada nas mensagens seria Virginia Giuffre, uma das vítimas que já declarou que Trump “nunca cometeu irregularidades” com ela.
Mesmo assim, os e-mails trouxeram nova pressão sobre o governo. Democratas acusam a administração Trump de tentar “encobrir” documentos relacionados a Epstein, enquanto republicanos liberaram 20 mil páginas do caso para tentar “diluir” as revelações.
Relação antiga e turbulenta
Epstein e Trump se conheceram nos anos 1990 e mantiveram amizade por anos. O então empresário chegou a enviar um cartão de aniversário com desenhos sugestivos ao milionário, no qual insinuava segredos compartilhados entre eles. A relação teria esfriado em 2004, pouco antes do início das primeiras investigações sobre o caso de exploração sexual de menores.
Apesar de negar envolvimento com o esquema, Trump é citado diversas vezes nas correspondências de Epstein. Em uma delas, o milionário diz que o presidente mentiu ao afirmar que o havia forçado a deixar o clube Mar-a-Lago: “Nunca fui membro. É claro que ele sabia sobre as meninas”, escreveu Epstein.
Pressão aumenta no Congresso
A divulgação dos e-mails coincidiu com uma votação importante no Congresso, em meio às negociações para encerrar o shutdown do governo federal. Deputados democratas aproveitaram o momento para cobrar a liberação completa dos arquivos do caso Epstein, proposta que deve ser votada nas próximas semanas.
“Esses e-mails levantam questões gritantes sobre o que mais a Casa Branca está escondendo”, disse o deputado Robert Garcia, principal democrata da Comissão de Supervisão. “Quanto mais Donald Trump tenta encobrir os arquivos de Epstein, mais descobrimos.”