América Latina

Ex-presidente do Peru acusado de receber propina da Odebrecht é extraditado

Político é acusado de receber milhões de dólares da Odebrecht em troca de licitações de obras públicas

O ex-presidente peruano Alejandro Toledo chegou neste domingo (23) a Lima após ser extraditado pelos Estados Unidos, dois dias depois de se entregar às autoridades americanas. O político é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no escândalo de propinas pagas a autoridades pela construtora Odebrecht, que também atingiu o Brasil.

Toledo chegou ao Peru em um voo de Los Angeles e sob custódia de agentes da Interpol. Segundo imagens veiculadas por emissoras de televisão peruanas, ele foi recebido por procuradores e policiais no aeroporto internacional Jorge Chávez, em Callao, região metropolitana de Lima.

Presidente do Peru de 2001 a 2006, Toledo era procurado por acusações de ter recebido mais de US$ 25 milhões (cerca de R$ 126,2 milhões) da Odebrecht em troca de ajuda para conseguir contratos de obras públicas, suspeitas pelas quais promotores pedem à Justiça mais de 20 anos de prisão.

O ex-presidente se entregou a um tribunal federal de San José, na Califórnia, na manhã da última sexta-feira (21). Dois dias antes, um juiz americano havia negado o pedido do político para permanecer nos EUA —país no qual morava para fugir de um pedido de prisão preventiva da Justiça peruana.

Em 2019, porém, ele foi preso na Califórnia e enviado a uma prisão no mesmo estado, onde ficou até 2020 —com a pandemia de Covid-19, o político de 77 anos foi colocado em prisão domiciliar em uma casa em Menlo Park, com a obrigatoriedade de usar tornozeleira eletrônica. Seu estado de saúde, inclusive, era o argumento usado para tentar paralisar o processo de extradição.

Em fevereiro deste ano, o Departamento de Estado dos EUA já havia autorizado a extradição do ex-presidente. Toledo é acusado de ter recebido propina em troca da outorga da licitação da rodovia Interoceânica, que liga o Peru ao Brasil, em um caso relacionado à Operação Lava Jato. Também recaem sobre ele suspeitas de tráfico de influência, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

O Peru é um dos países mais afetados pelo escândalo de corrupção da Odebrecht. A empresa admitiu, como parte de um acordo de colaboração com o Departamento de Justiça dos EUA, o pagamento de quase US$ 800 milhões em subornos a governos da América Latina.

Uma vez nas mãos das autoridades peruanas, Toledo passará por exame médico e verá um juiz antes de ser transferido para o presídio de Barbadillo, dentro da sede da Diretoria de Operações Policiais Especiais (Diroes), onde estão os presidentes Pedro Castillo (2021-2022) e Alberto Fujimori (1990-2000).

No presídio, ele deve cumprir 18 meses de prisão preventiva enquanto aguarda o início do julgamento. O político nega as acusações.