Rússia afirma que Ucrânia está usando foguetes americanos de longo alcance
Kremlin disse que entregas de armas ocidentais não teriam impacto no campo de batalha e apenas prolongariam o conflito e o sofrimento dos ucranianos

Moscou anunciou nesta terça-feira que derrubou pela primeira vez um foguete de longo alcance fornecido à Ucrânia pelos Estados Unidos, armas que Kiev disse serem fundamentais para um contra-ataque antecipado contra as forças russas. A declaração foi feita pelo Ministério da Defesa da Rússia e veio um dia depois que a Ucrânia disse que recebeu modernos tanques de batalha Leopard e Challenger da Alemanha e do Reino Unido para responder ao exército de Moscou no leste e sul da Ucrânia.
Os combates nos últimos meses entre as forças russas e ucranianas se concentraram na cidade de Bakhmut, no leste, e Kiev diz que está resistindo no centro urbano da região de Donetsk para desgastar as forças inimigas e depois contra-atacar com mais facilidade.
“A defesa aérea (forças) derrubou […] um foguete guiado GLSDB”, disse o Ministério da Defesa da Rússia em um comunicado, referindo-se a bombas de pequeno diâmetro lançadas do solo produzidas pela Boeing e pelo Grupo Saab.
Esses dispositivos têm um alcance de até 150 km, o que ameaçaria as posições russas e depósitos de suprimentos muito atrás das linhas de frente. O Pentágono anunciou no mês passado que estava fornecendo artilharia à Ucrânia como parte de um pacote de armas de US$ 2,2 bilhões (cerca de R$ 11,3 bilhões).
“Isso lhes dá uma capacidade de longo alcance […] que lhes permitirá conduzir operações em defesa de seu país e retomar seu território soberano”, disse o porta-voz do Pentágono, Pat Ryder, na época.
A Ucrânia vinha pedindo aos Estados Unidos munições que podem voar mais longe do que os foguetes HIMARS, que têm um alcance de 80 km. O Ocidente temia fornecer as armas por temer que Kiev pudesse usá-las para atingir a Rússia. O HIMARS desempenhou um papel importante na recaptura de Kherson no sul da Ucrânia no ano passado, mas o GLSDB potencialmente dá às forças ucranianas a capacidade de atacar em qualquer lugar nas partes da Ucrânia controladas pela Rússia.
‘Desgaste’ as forças russas em Bakhmut
Isso poderia ameaçar as principais linhas de abastecimento russas, depósitos de armas e bases aéreas. O Kremlin sempre disse que as entregas de armas ocidentais à Ucrânia não teriam nenhum impacto no campo de batalha e apenas prolongariam o conflito e o sofrimento dos ucranianos.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na época twittou seus agradecimentos ao presidente Joe Biden pela nova ajuda. “Quanto mais longo alcance forem nossas armas e quanto mais móveis forem nossas tropas, mais cedo a agressão brutal da Rússia terminará”, disse ele.
O principal objetivo militar da invasão da Rússia é a captura completa da região de Donetsk, que já alegou ter anexado no ano passado, mesmo com os combates em andamento. A batalha mais longa e sangrenta da guerra até agora está se desenrolando em Bakhmut, uma cidade de mineração de sal em grande parte esvaziada e destruída.
O comandante das forças terrestres da Ucrânia, Oleksandr Syrskyi, disse na terça-feira que as forças russas ainda estavam trabalhando para cercar a cidade.
“Nossa principal tarefa é desgastar as massas de forças inimigas e infligir pesadas baixas a elas. Isso permitirá criar as condições necessárias para facilitar a libertação das terras ucranianas e acelerar nossa vitória”, acrescentou.
Enquanto isso, o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, visitou instalações de produção de munição no centro da Rússia, disse o ministério, e elogiou o trabalho para aumentar a produção de projéteis para as forças armadas na Ucrânia.
“Até o final deste ano, a fabricação de unidades individuais aumentará de 7 a 8 vezes”, acrescentou o ministério no comunicado.