GUERRA

Tropas russas entram em Mykolaiv e Marinha da Ucrânia afunda seu principal navio para impedir captura

Tropas russas entraram pela primeira vez na cidade portuária de Mykolaiv, no Mar Negro, na…

Tropas russas entraram pela primeira vez na cidade portuária de Mykolaiv, no Mar Negro, na Ucrânia, disseram autoridades regionais nesta sexta-feira (4), em mais um avanço da ofensiva do eixo Sul, onde as forças invasoras têm obtido as suas maiores vitórias até agora. A cidade ainda não foi tomada, mas está sob bombardeio. O principal navio de guerra da Ucrânia foi afundado no Mar Negro por sua própria Marinha para impedir a captura pelas forças inimigas.

Em um vídeo compartilhado online, o governador de Mykolaiv, Vitaliy Kim disse que há combates em andamento em partes da cidade,  para expulsar os soldados russos que adentraram no território e impedir a sua captura. Ele pediu para a população “não entrar em pânico” e para “mulheres e crianças permanecerem em casa”.

Mykolaiv, de 475 mil habitantes, fica a 68 km a oeste de Kherson, o maior centro urbano tomado pela Rússia até agora, e ocupa uma posição estratégica no mapa.

A 110 km a leste de Mykholaiv está Odessa, a terceira maior cidade da Ucrânia, bem próxima da fronteira com a Moldávia.

Se conseguirem chegar até esta cidade — atualmente um balneário de férias da população russa, mas historicamente famosa por sua arquitetura mais mediterrânea do que russa, com influências de Art Nouveau, do Renascimento e do Classicismo — a Rússia terá capturado virtualmente todo o Sul da Ucrânia e barrado completamente o acesso da capital ao Mar Negro.

Por ora, a ofensiva contra Odessa permanece em preparação, enquanto aeronaves conduzem ataques aéreos. Há registros de uma frota naval relatada em suas proximidades, e a estratégia deve envolver um desembarque de tropas de assalto russas em seus arredores.

Na quinta-feira, aviões russos atacaram posições como depósitos da artilharia ucraniana perto de Odessa.

O ministro da Defesa da Ucrânia, Oleksiy Reznikov confirmou que a Marinha ucraniana afundou  na quinta-feira a sua própria fragata Hetman Sahaidachny, o maior navio de guerra da Ucrânia, que passava por consertos no porto de Mykolaiv, para evitar uma possível captura.

“O comandante do navio-chefe da Marinha ucraniana seguiu a ordem de inundar o navio para que a fragata Hetman Sahaidachny, que estava em reparo, não caísse nas mãos do inimigo. É difícil imaginar uma decisão mais difícil para um soldado e tripulação corajosos”, escreveu Reznikov no Facebook na sexta-feira.

Embora a fragata da classe Krivak III/Menzhinskiy não represente uma grande ameaça para os russos, ela é a principal embarcação da frota da Marinha ucraniana. Sua captura por forças russas seria uma importante peça de propaganda.

Os avanços sobre o Sul, juntamente com a utilização por parte da Rússia de artilharia mais agressiva e de ataques aéreos a centros urbanos, têm diminuído o otimismo sobre a capacidade da Ucrânia de aguentar por muito tempo a resistência que tem oferecido até agora.

Ofensiva rumo a Kiev

Calcula-se que cerca de 90% dos soldados russos que estavam concentrados na fronteira tenham entrado na Ucrânia agora.

Nesta noite, Chernihiv, a nordeste de Kiev, foi violentamente bombardeada. A tomada da cidade é considerada estratégica para cercar o flanco leste de Kiev. No seu setor noroeste está a longa coluna de veículos blindados a 35 KM da capital, que a Rússia prepara para lançar um ataque terrestre.

Embora nenhum grande ataque tenha sido lançado em Kiev ainda, a capital foi bombardeada e as forças russas lançaram um poder de fogo feroz para tentar quebrar a resistência na cidade vizinha de Borodyanka.

Na manhã de sexta-feira, várias explosões foram ouvidas no centro da capital, e sirenes de ataque aéreo soaram, em um sinal aparente de que os ataques de mísseis russos cidade e ao seu redor se intensificavam.

No bairro de Borshchahivka, a cerca de 18 km a oeste do centro, os restos de metal retorcido de um míssil, que as defesas aéreas ucranianas aparentemente derrubaram durante a noite, estavam no meio de uma rua a poucos metros de uma estação de ônibus. Dezenas de milhares de moradores fugiram da capital para a relativa segurança do Oeste da Ucrânia e dos países vizinhos.

A situação está especialmente grave em Mariupol, no Leste, onde a população de 460 mil pessoas sofre escassez de comida, água e energia elétrica em função do cerco em andamento.