Trump diz que EUA atingiram instalação portuária ligada ao tráfico na Venezuela
Presidente Trump afirma que área usada para carregar embarcações com narcóticos foi alvo de explosão

(Folhapress) O presidente Donald Trump afirmou nesta segunda-feira (29) que os Estados Unidos atingiram uma área portuária na Venezuela onde, segundo ele, drogas eram carregadas em embarcações. Se confirmada, essa ação seria o primeiro ataque americano em solo venezuelano desde o início da tensão entre os dois países, em agosto, em meio a uma ofensiva militar americana nas águas do Caribe.
Trump fez as declarações ao receber o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida.
“Houve uma grande explosão na área de docas onde eles carregam os barcos com drogas. Eles carregam os barcos com drogas. Atingimos todos os barcos e agora atingimos a área”, disse Trump, sem fornecer mais detalhes.
Na sexta-feira (26), Trump já havia dito em uma entrevista de rádio que os Estados Unidos destruíram “uma grande instalação” na semana passada como parte da campanha de seu governo contra a Venezuela, em uma aparente referência a um ataque americano a um local ligado ao tráfico de drogas.
Na ocasião, autoridades americanas afirmaram que Trump se referia a uma instalação ligada ao tráfico de drogas na Venezuela, que teria sido destruída, sem dar detalhes. Oficiais militares disseram não ter informações a compartilhar. A CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos com longo histórico de interferência na América Latina, e a Casa Branca não comentaram.
Durante a entrevista com John Catsimatidis, um bilionário republicano e apoiador do presidente que é proprietário da estação de rádio WABC em Nova York, os dois homens estavam discutindo a campanha militar dos EUA para interromper o tráfico de drogas da América Latina, atacando barcos suspeitos de transportar narcóticos.
“Eles têm uma grande fábrica ou uma grande instalação de onde vêm os navios”, disse Trump, sem dizer onde este local ficava e sem identificar explicitamente a Venezuela como alvo. “Há duas noites, nós a destruímos.”
Autoridades americanas recusaram-se a especificar qualquer detalhe sobre o local que o presidente disse ter sido atingido, onde estava localizado, como o ataque foi realizado ou qual papel a suposta instalação desempenhava no tráfico de drogas. Não houve nenhum relato público de um ataque por parte do regime venezuelano ou de outras autoridades na região.
Embora algumas autoridades tenham chamado a instalação atacada de local de produção de drogas, não está claro qual papel no tráfico de narcóticos a instalação teria desempenhado. A Venezuela é bem conhecida por seu papel no tráfico de drogas, especialmente cocaína produzida na Colômbia, mas não tem sido um grande produtor de narcóticos.
Trump tem prometido ataques terrestres na Venezuela há semanas, parte de uma campanha de pressão intensificada sobre o ditador Nicolás Maduro, acusado de envolvimento em redes de narcotráfico.
Trump autorizou a CIA a começar a planejar operações secretas dentro da Venezuela há meses. Os Estados Unidos têm realizado ataques militares a barcos no Caribe e no Pacífico desde setembro. A administração afirma que os navios estão transportando cocaína.
As operações dos EUA já mataram pelo menos 105 pessoas e foram chamadas de assassinatos extrajudiciais por críticos que dizem que os militares norte-americanos não têm base legal para ataques letais contra civis. O governo defendeu os ataques afirmando que os Estados Unidos estão em conflito com o que chamam de narcoterroristas que só podem ser detidos com força militar.
Esses ataques a barcos foram originalmente desenvolvidos como parte de uma operação em duas fases. A segunda etapa, que ainda não foi oficialmente anunciada, incluiria ataques a instalações de drogas na Venezuela, disseram pessoas familiarizadas com o planejamento.
Desde o início da ofensiva, Trump anunciou o que chamou de bloqueio da Venezuela, enquanto os Estados Unidos começaram a tentar interceptar petroleiros, cortando uma fonte vital de renda para o governo Maduro.
Trump reconheceu publicamente que autorizou a CIA a planejar operações dentro da Venezuela. Não ficou claro quais operações exatamente Trump tinha em mente para a agência, mas elas poderiam incluir tanto ações de sabotagem quanto operações psicológicas destinadas a pressionar Maduro a cometer algum erro.