Coronavírus

Twitter suspende política de avisos sobre desinformação relacionada à Covid

Decisão controversa vem na esteira de gestão do bilionário Elon Musk à frente da plataforma

O Twitter deixou de aplicar sua política de avisos sobre desinformação relacionada à Covid, em mais uma medida controversa adotada pela gestão do bilionário Elon Musk, que adquiriu a rede social em outubro.

A derrubada dos alertas contra fake news não foi formalmente anunciada pela plataforma, mas usuários observaram que, na página em que a medida é descrita, passou a constar o adendo: “A partir de 23 de novembro, o Twitter não aplicará a política de informações enganosas sobre a Covid”.

Ainda nos meses iniciais da pandemia de coronavírus, em 2020, a empresa adotou uma série de medidas para tentar diminuir a circulação de desinformação em torno do tema. Uma delas foi a inclusão de rótulos e mensagens de aviso em postagens com afirmações falsas sobre a crise sanitária.

Outras plataformas, como Facebook e YouTube, adotaram ações semelhantes. Agências de checagem mostram que, quando há uma nova onda de casos da doença —como a que ocorre agora no Brasil, com a circulação de novas cepas da variante ômicron—, a desinformação volta a proliferar nas redes sociais.

O Twitter já adotou medidas similares para outros eventos, como na disputa presidencial dos EUA em 2020, entre Donald Trump e Joe Biden, em que o democrata foi o eleito. À época, a plataforma rotulou e rebaixou o alcance de desinformação sobre o pleito, na batizada política de integridade cívica.

A empresa, porém, foi criticada no início deste ano, quando veio a público a informação de que havia suspendido essa política em março de 2021, sem comunicar os usuários. Nas midterms, as eleições de meio de mandato americanas, realizadas no início de novembro, as regras voltaram a ser adotadas.

Musk assumiu o Twitter após um acordo de US$ 44 bilhões. Sua gestão realizou demissões em massa de funcionários, despertando o temor de que toda a política de moderação da plataforma fosse acabar.

O receio escalou devido ao fato de Musk, crítico dessas políticas, descrever-se como um absolutista da liberdade de expressão e já ter afirmado que a aquisição não tinha uma motivação econômica, mas a ideia de que tornar a rede social uma empresa privada é uma forma de garantir a livre circulação de ideias.

Ele já chegou a restituir o perfil de Trump na plataforma. A conta do republicano havia sido banida em janeiro do ano passado, dois dias após a invasão do Capitólio, a sede do Legislativo americano. À época, a empresa afirmou que uma análise das mensagens de Trump revelava risco de incitação à violência.