Política

A serpente da anarquia militar está rastejando nos quartéis brasileiros

A venezuelização do Brasil ganha mais corpo a cada dia que passa. A decisão do…

A venezuelização do Brasil ganha mais corpo a cada dia que passa. A decisão do Alto Comando do Exército de passar pano para a evidente insubordinação do general Eduardo Pazuello adicionou ácido sulfúrico na base dos pilares democráticos, acelerando a corrosão daquilo que já não está lá muito firme. Tempos bicudos que vivemos.

Entendo que não era decisão fácil punir o general que subiu em carro de som e discursou em evento político ao lado do presidente Jair Bolsonaro. O comandante do Exército, general Paulo Sérgio de Oliveira, estava em uma encruzilhada que, independente do caminho escolhido, traria consequências difíceis de administrar.

Se fizesse o correto que seria punir Pazuello, corria o risco de ser desautorizado por Bolsonaro, o que se configuraria numa imensa desonra. Entregar o cargo por conta dessa desautorização seria o caminho óbvio.

Por outro lado, a escolha por arquivar o caso sem nenhuma punição, o que foi feito, faz germinar em todos quartéis Brasil afora a semente da insubordinação entre patentes. O exemplo não foi dado. Qualquer fardado agora se sente autorizado a migrar para a política empunhando as armas que o povo brasileiro empresta às suas forças. Não há democracia no mundo em que isso acontece.

Sabe onde isso acontece? Sim, na Venezuela.

Corremos o risco de ver novamente os quartéis em polvorosa como já observamos em outros momentos da história brasileira. E isso nunca deu em boa coisa. É só buscar no passado.

A sublevação da hierarquia tende a se rotinizar. E os militares de alta patente tinham o dever de saber disso e evitar esse caminho. Se não o fizeram, devem ter seus motivos. Talvez impressos nos contracheques. Ou ainda pelo mero exercício do poder pelo partido informal da farda brasileira. Vai saber.

Aviso aos democratas, a turbulência será longa. Apertem os cintos e firmem o golpe. Precisaremos ser mais atentos e fortes do que nunca.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Sérgio Lima