Com CEI da LimpaGyn em ebulição, Igor Franco e Mabel trocam farpas após destituição da liderança
Troca de acusações expõe fissuras na base de Mabel e fortalece discurso da oposição

O prefeito Sandro Mabel (UB) e o agora ex-líder na Câmara, Igor Franco (MDB), protagonizam, desde a última sexta-feira (29), uma série de trocas de farpas e acusações públicas em um embate que mistura disputa política, críticas à gestão e denúncias envolvendo o contrato da LimpaGyn. Os ataques mútuos tiveram início após a destituição do vereador do cargo no Legislativo, num momento em que a empresa e a prefeitura são alvos de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI), em construção na Câmara dos Vereadores.
Nesta segunda-feira (1º), Mabel negou à coluna Giro, do Jornal O Popular, que atua em defesa do consórcio LimpaGyn e afirmou que seu compromisso é com os moradores da capital. “Sou advogado da população de Goiânia contra pessoas que não querem entender que o prefeito mudou. As práticas antigas às quais vários estavam acostumados, e prejudicavam a população, eu não deixarei acontecer, doa a quem doer”, disse.
A fala foi um contra-ataque às acusações de Igor Franco, que, embora não tenha cravado uma ida oposição, passou a adotar discurso crítico à gestão. Ainda na sexta-feira (29), poucas horas após ser destituído da liderança, o vereador acusou o Paço de “retaliação e perseguição” e contestou a condução do contrato com a LimpaGyn.
Revogação da taxa do lixo
Nas redes sociais, Igor publicou vídeo em que ironizou a declaração do prefeito e apresentou denúncias de supostas irregularidades na coleta de lixo. “Temos provas concretas de que estão pegando terra, pondo nos caminhões e jogando o lixo por cima para a pesagem ficar mais cara e a população pagar a conta”, afirmou, defendendo a instalação da CEI da LimpaGyn.
Somado à sua articulação como um dos principais entusiastas da CEI, o estopim do rompimento entre Mabel e Igor foi a votação que aprovou, na última quinta-feira (28), em primeira rodada, a revogação da Taxa do Lixo. O vereador ainda na condição de líder do chefe do executivo municipal, votou a favor da derrubada da cobrança, contrariando o Paço e se alinhando à oposição.
O placar de 20 votos a 13 expôs a fragilidade da base governista: embora Mabel insista que conta com 31 vereadores, o número de votos fiéis ficou bem abaixo do necessário para sustentar a governabilidade. No outro dia (29), o prefeito convocou coletiva e disse que, se o projeto fosse aprovado, vetaria. Se os vereadores derrubassem o veto, a questão poderia ser judicializada.
Crise deve perdurar
Enquanto isso, a Câmara articula a composição da CEI que investigará o contrato da LimpaGyn. O Bloco Brilha Goiânia já indicou Aava Santiago (PSDB), uma das principais vozes da oposição, para a titularidade. O colegiado, que ainda será instalado, promete ampliar a pressão sobre o Executivo em um momento de tensão política.
Com a segunda votação da Taxa do Lixo pela frente e a CEI prestes a sair do papel, a troca de farpas entre prefeito e ex-líder simboliza uma crise que deve se arrastar nas próximas semanas e que pode comprometer a articulação política de Mabel em menos de nove meses de gestão.