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CPI da Covid ouve representante que denunciou corrupção em compra de vacina

A CPI da Covid recebe nesta quinta-feira (1º/7), a partir das 10h, Luiz Paulo Dominguetti…

A CPI da Covid recebe nesta quinta-feira (1º/7), a partir das 10h, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, o suposto representante da empresa Davati Medical Supply que relatou à Folha um esquema de corrupção na compra de doses de vacinas da AstraZeneca.

Inicialmente, a comissão planejava ouvir o sócio-administrador da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, para tratar da intermediação no processo de compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin.

Porém, depois da decisão de ontem à noite da ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), de conceder a Maximiano o direito de ficar em silêncio, os senadores optaram por adiantar o depoimento de Dominguetti, inicialmente agendado para sexta-feira.

1 dólar por dose em propina

Dominguetti disse em entrevista publicada na última terça-feira (29) que o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou propina de US$ 1 por dose de vacina, em 25 de fevereiro, um dia depois de o Brasil bater a marca de 250 mil óbitos pela covid-19. A pasta buscava negociar 400 milhões de doses do imunizante.

A AstraZeneca informou que não tem intermediários para venda de suas vacinas. Roberto Ferreira Dias foi exonerado anteontem.

Roberto Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Sua nomeação ocorreu em 8 de janeiro de 2019, na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).

De acordo com o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) associou Barros às irregularidades identificadas na negociação pela compra das vacinas Covaxin.

Inicialmente, a Davati negociou cada dose do imunizante ao preço de US$ 3,50 cada uma. Depois passou a US$ 15,50. “O caminho do que aconteceu nesses bastidores com o Roberto Dias foi uma coisa muito tenebrosa, muito asquerosa”, disse Luiz Paulo Dominguetti Pereira, em entrevista à Folha.

“Eu falei que nós tínhamos a vacina, que a empresa era uma empresa forte, a Davati. E aí ele falou: ‘Olha, para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo’. E eu falei: ‘Mas como compor com o grupo? Que composição que seria essa?'”, prosseguiu.

“Aí ele me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não compusesse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais, tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo”, concluiu.

Próximos depoimentos previstos

  • 6.jul – sessão sigilosa com o deputado Luis Miranda
  • 7.jul – Rodrigo de Lima, funcionário do Ministério da Saúde, apontado por Luís Ricardo Miranda como a pessoa que relatou pedido de propina
  • 8.jul – deputado Ricardo Barros
  • 9.jul – sessão sigilosa com o ex-governador Wilson Witzel