Dino vota por condenação de Bolsonaro e outros 7 réus: “Níveis de culpabilidade diferentes”
Ministro afirmou que todos os réus do núcleo central devem ser condenados

O ministro Flávio Dino votou nesta terça-feira (9) pela condenação de Bolsonaro e outros 7 réus envolvidos na chamada trama golpista, mas destacou que os níveis de culpabilidade são diferentes entre os acusados. Segundo Dino, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o general Walter Braga Netto tiveram participação mais significativa nos atos que culminaram na tentativa de golpe de Estado, enquanto outros réus desempenharam funções menos relevantes dentro da organização criminosa.
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Em seu voto, o ministro afirmou que todos os réus do núcleo central devem ser condenados, mas que as penas precisam refletir o papel específico de cada um. “Não há menor dúvida que os níveis de culpabilidade são diferentes. Em relação a Bolsonaro e Braga Netto, a culpabilidade é bastante alta. Da mesma forma, é alta para Almir Garnier, Anderson Torres e Mauro Cid. Já Augusto Heleno e Alexandre Ramagem tiveram participação de menor importância”, explicou. Paulo Sérgio Nogueira também deverá receber pena mais branda, por ter tentado demover o ex-presidente de ações que poderiam configurar o golpe.
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Dino reforçou que Bolsonaro e Braga Netto controlaram e lideraram as ações da organização criminosa. “Eles tinham domínio de todos os eventos narrados nos autos”, declarou o ministro, acrescentando que a dosimetria das penas será definida ao final dos votos, caso haja condenação. Para Dino, os demais acusados tiveram participação efetiva, mas em níveis distintos, o que justifica diferenças nas punições.
Os réus citados pelo ministro incluem, além de Bolsonaro e Braga Netto, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o ex-ministro do GSI Augusto Heleno, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem. Dino ressaltou que Ramagem, por ter deixado o governo em março de 2022 para concorrer a deputado, teve menor participação causal nos eventos posteriores, enquanto Heleno não exerceu atos exteriorizados relevantes no segundo semestre de 2022.
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Para o ministro, a diferenciação das penas não configura divergência com o relator Alexandre de Moraes, mas sim uma adequação necessária à realidade dos fatos. “A dosimetria deve ser congruente com o papel dominante que cada réu exerceu na organização criminosa. Bolsonaro e Braga Netto tiveram participação alta, enquanto Paulo Sérgio, Augusto Heleno e Alexandre Ramagem tiveram menor importância”, concluiu Dino.
O voto do ministro é o segundo na Primeira Turma do STF, e será seguido pelas manifestações de Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, que também irão analisar os graus de responsabilidade e definir o tempo de pena de cada réu.
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