Lula critica contraofensiva de Israel em Gaza: ‘Não é porque o Hamas cometeu ato terrorista que tem que matar milhões de inocentes’
O presidente voltou a chamar o ataque do grupo palestino de "terrorista", mas afirmou que isso não justifica Israel matar "milhões de inocentes"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta terça-feira a reação de Israel aos ataques terroristas do Hamas do dia 7 de outubro, que deu início ao atual conflito no Oriente Médio. Lula voltou a chamar a ação do Hamas de “terrorista”, mas afirmou que isso não seria justificativa para Israel matar “milhões de inocentes”.
— Não é porque o Hamas cometeu um ato terrorista contra Israel, que Israel tem que matar milhões de inocentes. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade. Não é possível. Se a ONU tivesse força, a ONU poderia ter uma interferência maior. OS EUA poderia ter uma interferência maior. Mas as pessoas não querem, as pessoas querem guerra — afirmou o presidente.
Lula já havia classificado os ataques de 7 de outubro de terrorista, mas na semana passada, pela primeira vez, associou a definição ao Hamas. Na ocasião, chamou os ataques do Hamas de “terrorismo” e “ato de loucura” e a reação de Israel de “insana”.
- O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, disse que os ataques aéreos de Israel mataram mais de 5.700 mil pessoas, quase metade delas crianças, desde 7 de outubro;
- As Forças de Defesa de Israel afirmam que o ataque do grupo terrorista Hamas matou mais de 1.400 pessoas no país comandado por Benjamin Netanyahu.
Lula afirmou que conversou sobre o tema com os chefes de estado de Israel, Palestina, Irã, Egito, Turquia, França, Emirado dos Árabes e com lideranças da União Europeia. E não citou o presidente dos EUA, Joe Biden.
O governo dos EUA vetou moção apresentada pelo Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que pedia uma “pausa humanitária” dos conflitos em Gaza. Foi argumentado que o texto não deixava claro o poder de autodefesa de Israel. O movimento foi visto como um sinal de enfraquecimento da ONU.
Lula comenta também os bombardeios de Israel e ataques do Hamas que tiveram crianças entre as vítimas:
— Não tem exemplo na humanidade, de guerra, em que quem morre mais é criança, que não está na guerra. E crianças dos dois lados, que nós não queremos que morra ninguém. Eu conversei com todo mundo, ainda falta conversar com Xi Jinping (China), com o presidente da África do Sul e com o presidente do Catar — disse.
Brasileiros
Autoridades internacionais ainda buscam uma solução para a saída de cidadão da Faixa de Gaza. Do lado brasileiro, são 26 cidadãos que aguardam a liberação da fronteira para a saída de pessoas.
Após negociações do Itamaraty com as autoridades locais, os brasileiros foram realocados para um local mais próximo da passagem de Rafah – em uma distância de aproximadamente 1 km, segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Um ônibus deve levar os cidadãos até a cidade do Cairo, no Egito, mas só quando a segurança da passagem e as autorizações forem acertadas.
— Qualquer brasileiro que estiver dentro da área de guerra, que precisar voltar para o Brasil, nós não mediremos esforços. Nós iremos buscar. Eu não quero saber de que partido as pessoas são, de que religião, ou para qual time as pessoas torcem, ou para quem votaram. Eu quero saber que são brasileiros e brasileiras — afirmou Lula.
Animais de estimação também estão sendo trazidos. Lula diz que foi um pedido feito a Marcelo Kanitz Damasceno, da Força Aérea Brasileira (FAB). Além disso, após o transporte de brasileiros, o governo diz que haverá abertura para trazer para o país também cidadão da América Latina.
— Se ao terminar de recrutar os brasileiros, tiver homens e mulheres da América Latina, da América do Sul, que não têm condições de voltar para o nosso continente, a gente vai prestar solidariedade e vamos trazer essa gente — declarou.