Moraes, para Bolsonaro: ‘a Justiça é cega, mas não é tola’
Ministro Alexandre de Moraes afirma que Bolsonaro descumpriu, de forma reiterada. determinações do Supremo Tribunal Federal

No despacho em que determinou a prisão domiciliar e o recolhimento de todos os aparelhos celulares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro Alexandre de Moraes escreveu em caixa alta: “A JUSTIÇA É CEGA, MAS NÃO É TOLA”. O aviso foi dado na 22ª página do documento, que tem 25 ao todo.
Na sequência, o ministro escreve, também em caixa alta: “a Justiça é igual para todos. O réu que descumpre deliberadamente as medidas cautelares – pela segunda vez – deve sofrer as consequências legais”.
“As condutas de Jair Bolsonaro desrespeitando, deliberadamente, as decisões proferidas por esta Suprema Corte, demonstram a necessidade e adequação de medidas mais gravosas, de modo a evitar a contínua reiteração delitiva do réu, mesmo com a imposição de medidas cautelares diversas da prisão”, continua o ministro no despacho.
A operação da Polícia Federal que visava apreender o telefone celular e outros dispositivos eletrônicos utlizados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta segunda-feira (4), foi rápida: durou 20 minutos. Bolsonaro apresentou um único aparelho às autoridades de segurança. Ele já tinha entregue outro na operação na qual a PF colocou tornozelência eletrônica nele.
Moraes ainda advertiu o ex-presidente de que, se houver o descumprimento das novas determinações, Bolsonaro pode ser enviado para a prisão preventiva e ir para atrás das grades.
Um dos vídeos que ensejou a decretação de prisão domiciliar do ex-presidente foi veiculado no ato bolsonarista que aconteceu neste domingo (3), na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Esse mesmo vídeo foi postado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), mas apagado horas depois.
Para um grupo de ministros da Corte, contudo, apesar de o post ter sido deletado, o gesto do parlamentar pode ter representado uma violação às restrições impostas ao pai.
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