AO STF

PGR denuncia ministro da Educação por homofobia

"Ao afirmar que adolescentes homossexuais procedem de famílias desajustadas, o denunciado discrimina jovens por sua orientação sexual", diz trecho

O vice-Procurador-Geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, denunciou o ministro da Educação, Milton Ribeiro, por homofobia ao Supremo Tribunal Federal (STF). A peça do Ministério Público Federal (MPF) data de 29 de janeiro.

Na denúncia, consta que o titular da pasta, em entrevista ao jornal “O Estado de São Paulo”, disse que “a questão de gênero (…) não é normal” e que o “adolescente muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo”, o que para o vice-procurador “induz o preconceito contra homossexuais colocando-os no campo da anormalidade”.

Entrevista ao Estadão

O ministro, vale citar, foi perguntado pela repórter do jornal se a educação sexual não deveria ser tratada em sala de aula, inclusive para proteção das crianças contra abusos sexuais. Ele respondeu que sim, mas pontuou que existia um vídeo que mostrava “meninas aprendendo a colocar uma camisinha com a boca”.

A repórter, então, questionou se o vídeo seria dentro de uma escola e ele respondeu: “É dentro de uma escola (…). Está no YouTube, é só procurar. E a professora mostrando como é. Dizem que é pra proteger gravidez indesejada, mas a verdade é que falar para adolescente que estão com os hormônios num top sobre isso é a mesma coisa que um incentivo. É importante falar sobre como prevenir uma gravidez, mas não incentivar discussões de gênero. Quando o menino tiver 17, 18 anos, ele vai ter condição de optar. E não é normal. A biologia diz que não é normal a questão de gênero. A opção que você como adulto de ser homossexual, eu respeito, mas não concordo.

E ele continuou, ao ser questionado se a discussão de gênero dentro da escola não seria importante:

“Por esse viés, é claro que é importante mostrar que há tolerância, mas normalizar isso, e achar que está tudo certo, é uma questão de opinião. Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12 13 anos optando por ser gay; nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem e caminha por aí.”

PGR

Para o vice-Procurador, “ao afirmar que adolescentes homossexuais procedem de famílias desajustadas, o denunciado discrimina jovens por sua orientação sexual e preconceituosamente desqualifica as famílias em que criados, afirmando serem desajustadas, isto é, fora do campo do justo curso da ordem social”.

Ele também aponta: “Ao desqualificar grupo humano – publicamente e por meio de comunicação social publicada – depreciando-o com relação a outros grupos em razão de orientação sexual, o denunciado adota um discrímen vedado e avilta integrantes desse grupo e seus familiares, emitindo um desvalor infundado quanto a pessoas.”

Confira a denúncia AQUI.

O Mais Goiás solicitou, por e-mail ao Ministério da Educação (MEC), que o titular da pasta comentasse a denúncia. Esta matéria poderá ser atualizada.