Sem Censo, políticas públicas ficam no escuro, diz ex-secretário de programas sociais
"Saber a realidade para confrontar e buscar as mudanças", afirma Euler de Morais

Não haverá Censo neste ano. Euler de Morais, ex-secretário da Solidariedade Humana do governo Maguito (MDB) – projeto beneficiou cerca de 150 mil famílias com doação de alimentos e foi implementado por gestões seguintes no Estado (Renda Cidadã) e País – disse que as informações do levantamento são imprescindíveis e lamentou o que chamou de “retrocesso”. O impacto nas políticas públicas – que ficam no escuro -, ele aborda, ocorre no Brasil, Goiás e demais Estados, e nos municípios.
O Censo é uma pesquisa que visita as casas de todos os brasileiros, sendo um estudo estatístico responsável por recolher informações amplas da população. Normalmente, é realizado de dez em dez anos, sendo o último em 2010.
“Essa radiografia da realidade socioeconômica, em um País como o nosso, muda muito em dez anos”, observa Euler. “Ainda mais em período de calamidade e pandemia.” Para ele, a informação mais precisa e segura é extremamente importante nas políticas públicas, principalmente nas áreas sociais. “Indiscutivelmente, teremos perdas para focar nas ações mais necessárias para enfrentar esse momento tão adverso.”
De acordo com ele, as gestões irão caminhar no escuro, sem saber informações que ocorrem em todos os níveis: regionais, setoriais, nas diversas categoriais profissionais… “No momento de grandes transformações tecnológicas, mutações no mercado de trabalho, ficaremos sem referencial. Vai prejudicar, também, o mundo científico. Informação é algo extremamente valioso. Saber a realidade para confrontar e buscar as mudanças.”
Cientista político
O mestre em comunicação e doutorando nesta área, o professor de marketing político Marcos Marinho afirma observa que muitos cálculos de recursos destinados a municípios são baseados na quantidade de habitantes, ou na faixa etária, dependendo do programa. “Sem essa atualização, municípios com informações defasadas, que cresceram demais e precisam de investimentos, não terão, pois estão com dados desatualizados.”
Segundo ele, as políticas públicas mais eficazes são programadas com base no Censo. “Hoje a gente não sabe a cara do brasileiro, pois não temos informação”, se preocupa.
