16 MILHÕES

Senador de Goiás defende investigação da PF sobre joias milionárias ligadas a Bolsonaro

Assessor de ministro de Bolsonaro tentou entrar com as joias ilegalmente no país. Presente saudita não declarado à Receita Federal é avaliado em R$ 16,5 mi e estava escondido em uma mochila

O senador Jorge Kajuru (PSB-GO) defendeu, em plenário, a investigação da Polícia Federal sobre o possível desvio das joias que o governo da Arábia Saudita deu a Michelle Bolsonaro, em 2021. Anel, relógio e brincos de diamantes foram avaliados pela Receita Federal (RF) em R$ 16,5 milhões, os quais foram trazidos ao Brasil sem declaração. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de São Paulo no início do mês.

“O país merece saber todas as respostas que esse caso tem suscitado. Espero que os policiais responsáveis por investigar o imbróglio tenham o mesmo espírito público mostrado pelos servidores da Receita Federal. E que as respostas, quando vierem, não nos envergonhe, pois, a princípio, eu estou envergonhado”, afirma Kajuru.

O senador ainda destacou o papel da imprensa para fortalecimento da democracia e de servidores públicos de carreira.

“Essa é uma história incômoda, mas que tem aspectos positivos. Ressalto o trabalho da imprensa num regime democrático. Não fosse ela, não estaríamos sabendo desse aparente conto das Arábias. Destaco novamente a atuação dos servidores da Receita de Guarulhos, que resistiram bravamente ao assédio oficial e não entregaram as joias. Isso indica a importância da estabilidade no setor público”, pontuou.

Joias retidas na alfândega

Presentes recebidos por presidente e primeira-dama deveriam ser destinados ao Acervo da Presidência. No entanto, há registro de que o casal Bolsonaro tentou entrar ilegalmente com as joias no Brasil, sem declarar os objetos à RF.

Os itens, porém, foram retidos na alfândega do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Há registro de tentativa de retirada, a qual não teve sucesso. Até o momento, Jair Bolsonaro, o ministro Bento Albuquerque, seu assessor e um militar são considerados suspeitos.

Presente saudita a Michelle e Bolsonaro

O presente saudita entregue a Jair e Michelle Bolsonaro está avaliado em € 3 milhões, o equivalente a R$ 16 milhões, estava escondido na mochila de um militar, assessor do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Ele viajou ao Oriente Médio em outubro de 2021.

Daí por diante, o governo Bolsonaro efetuou oito tentativas para recuperar o presente valioso. Desde o uso do gabinete da Presidência, da intervenção de três ministérios (Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores), dos militares e até o uso do avião da Força Aérea Brasileira (FAB).

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disse que “não estava sabendo” que tinha “tudo isso”, referindo-se às joias de diamantes.

“Quer dizer que, ‘eu tenho tudo isso’ e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein?! Estou rindo da falta de cabimento dessa impressa (sic) vexatória”, publicou Michelle nos stories do Instagram.

Segundo pacote

O Jornal Folha de São Paulo revelou, no domingo (5), a existência de um segundo pacote de joias milionárias e também oferecido pelo governo saudita. Os itens não foram interceptados pela Receita Federal, mas serão investigados.

Os presentes estavam na bagagem de outro integrante da comitiva de Bolsonaro e ficaram mais de um ano sob a guarda do ministério de Minas e Energia. As joias chegaram ao Brasil em outubro de 2021 e foram entregues à Presidência no final do ano passado.