Vereadores de Goiânia avançam com CEI para investigar contrato da Limpa Gyn
Requerimento para criação da comissão foi lido nesta terça-feira (12) na abertura dos trabalhos da Câmara Municipal

Mesmo sob pressão contrária do Paço Municipal e do prefeito Sandro Mabel (União Brasil), que tentaram evitar o avanço da Comissão Especial de Inquérito (CEI) destinada a investigar o contrato da prefeitura com o Consórcio Limpa Gyn, o requerimento para criação do colegiado foi lido nesta terça-feira (12) na abertura dos trabalhos da Câmara Municipal de Goiânia. O texto conta com 16 assinaturas, três a mais que o mínimo necessário.
Destaca-se que ele inclui nomes da própria base governista, como o líder do Executivo no Legislativo, Igor Franco (MDB), e o vereador Pedro Azulão Jr. (MDB), que subiu à tribuna para defender a apuração. “Eu sou da base de apoio do prefeito, eu quero contribuir com a Prefeitura. Eu ando na periferia, ando na feira do meu bairro e sou cobrado, eu preciso dar uma satisfação [aos moradores]”, afirmou.
Autor do pedido, o vereador Cabo Senna (PRD) justificou a abertura da investigação pela insatisfação com a limpeza urbana. “A cidade está suja. A abertura desta CEI, com certeza, trará um resultado muito positivo para a cidade”, disse. Ele complementou dizendo que apenas com a notícia da articulação da CEI já percebeu que a empresa intensificou os trabalhos na capital. “Eu nunca vi tanto caminhão circulando na cidade como agora”, salientou. “É isso que queremos, que a empresa cumpra o contrato”, cravou.
Senna não mirou os olhos apenas na Limpa Gyn. Ele também direcionou críticas ao Consórcio Brilha Goiânia. “Eu estou recebendo denúncias do Brilha Goiânia que estão trocando as lâmpadas que já estão em funcionamento, lâmpadas dessas de 80 watts que clareiam a cidade lá de cima, eles jogam a lâmpada boa no caminhão, a lâmpada quebra, para colocar uma de 40 watts, que ela é uma fraquinha. Quebram a lâmpada que está em funcionamento para colocar outra. Essa denúncia é grave, é o dinheiro do contribuinte”, destacou.
O primeiro-secretário da Casa, Anselmo Pereira (MDB), defendeu que a comissão também busque esclarecer responsabilidades. “É preciso definir, de uma vez, qual é o serviço da Limpa Gyn, qual é o serviço da Comurg e qual é o serviço da Amma nas praças e jardins. Que nenhuma entre na área da outra, mas que façam o serviço com excelência”, pontuou. Com a leitura do requerimento, será aberto prazo para que os partidos indiquem os sete integrantes da comissão, que terá poder para convocar depoimentos, solicitar documentos e vistoriar contratos.
O vereador Tião Peixoto (PSDB), que já havia feito forte discurso em favor dos donos de ferro-velho, que de acordo com o tucano, estavam sendo perseguidos pela gestão do delegado Waldir Soares, presidente do Detran-GO, também se manifestou em defesa do Consórcio. Ele clamou aos colegas que não avançassem com a investigação. “Eu tive na LimpaGyn na sexta-feira. A empresa mudou de água para vinho. Goiânia tá limpa. Eu faço um apelo para meus colegas: termina essa CEI, termina a CEI, ela dá desgaste. Vamos fiscalizar pessoalmente como eu fui. A LimpaGyn eu tenho certeza vai fazer Goiânia brilhar na limpeza”, completou.Agora, a próxima etapa é os partidos definirem a representação e os integrantes do colegiado para que possam conduzir os trabalhos. Vale lembrar que não faz muito tempo, em 2023, a Câmara também patrocinou uma Comissão Especial de Inquérito com escopo parecido: na época, sem a LimpaGyn, os parlamentares miraram irregularidades na Companhia Municipal de Urbanização de Goiânia (Comurg).
O desfecho dos trabalhos foi um relatório com 13 páginas, que não indiciou ninguém, e apontava 13 sugestões para melhorias dos trabalhos na coleta de lixo da capital. O documento chegou apontar má gestão dos recursos, mas não citou o então prefeito Rogério Cruz (SD), haja vista que o órgão é independente do Paço Municipal.