Zander fala sobre operação de desvio de emendas em Goiânia: ‘Não sou propositor e nem executor’
"Após a liberação das emendas impositivas, a entidade executora tem o prazo de 2 anos para prestar contas dos valores recebidos", esclarece o ex-secretário

Com Domingos Ketelbey
O ex-secretário Cultura e ex-vereador por Goiânia, Zander Fábio, se manifestou sobre a operação deflagrada pela Polícia Civil, nesta quinta-feira (31), que apura o desvio de R$ 1,8 milhão por meio de emendas parlamentares na capital em anos anteriores, da qual ele foi alvo. Em nota ao Mais Goiás, ele afirmou que, sobre os fatos em investigação, “não foi o seu propositor ou executor, não tendo responsabilidade alguma sobre a questão, em face da legislação, que comanda ser impositiva a sua aplicação.”
“Ainda, mister se faz anotar que, após a liberação das emendas impositivas, a entidade executora tem o prazo de 2 anos para prestar contas dos valores recebidos”, completou. A investigação apontou indícios de favorecimento a duas ONGs de fachada, com contratos que somavam R$ 1,8 milhão para eventos circenses e atividades culturais. As entidades são investigadas por inexistência física nos endereços declarados, ausência de experiência comprovada, falta de estrutura técnica e vínculo com um mesmo grupo familiar ou econômico.
Conforme apurado pelo Mais Goiás, as emendas que sustentaram os repasses partiram do ex-vereador Leandro Sena e do atual vereador Sargento Novandir, ambos com histórico de atuação na área cultural. Já Zander Fábio, à época titular da Secretaria Municipal de Cultura, teria autorizado e conduzido os trâmites administrativos que resultaram nos pagamentos suspeitos.
O delegado Bruno Barros, responsável pelo inquérito, afirmou que o plano de trabalho original previa três eventos circenses entre março e abril de 2024, mas o dinheiro só foi transferido em maio, sem comprovação da execução. “Em novembro, essa mesma ONG beneficiada solicitou a modificação do plano de trabalho e propôs, em vez dos eventos de circo, realizar exposições de carros. Isso chamou a atenção porque a lei não autoriza a mudança do objeto da parceria. Além disso, o novo plano de trabalho suprimiu a exigência de notas fiscais, o que cria obstáculos à fiscalização”, destacou em entrevista a TV Anhanguera.
Barros também apontou falhas elementares na conduta da Secretaria de Cultura durante a tramitação. “Não foi designado gestor para acompanhar a execução, não teve comissão de monitoramento, não foi exigida a prestação de contas. O dinheiro não foi depositado em conta específica, como exige a legislação. Faltou até parecer técnico para atestar que as ONGs tinham experiência e idoneidade para o projeto”, afirmou.
Apesar de não divulgar oficialmente os nomes, a Polícia Civil confirmou que os alvos poderão responder por peculato, falsidade ideológica, fraude à execução de convênios e associação criminosa. A Operação Picadeiro segue em curso, e novas diligências não estão descartadas. O portal também procurou os demais envolvidos.
Nota de Zander Fábio
“O ex-secretário de cultura de Goiânia, Zander Fábio, em face dos recentes acontecimentos, vem a público se manifestar a fim de reestabelecer a verdade.
A operação da Polícia Civil se encontra em fase preliminar, não tendo o ex-secretário tido sequer oportunidade de apresentar sua defesa ou sua versão dos fatos.
Importante esclarecer que, com relação aos fatos ainda sob investigação, Zander não foi o seu propositor ou executor, não tendo responsabilidade alguma sobre a questão, em face da legislação, que comanda ser impositiva a sua aplicação.
Ainda, mister se faz anotar que, após a liberação das emendas impositivas, a entidade executora tem o prazo de 2 anos para prestar contas dos valores recebidos.
Por fim, reitera a sua confiança nos órgãos do Poder Judiciário, quanto a uma apuração isenta, ao cabo da qual será demonstrada sua ausência de responsabilidade quanto aos fatos sob investigação.