ÁUDIO

Cid diz que carta de comandantes respaldou ação contra Três Poderes

Conteúdo do comunicado fez com que os manifestantes se sentissem seguros para dar "um passo a frente", afirma ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

Um áudio do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, obtido pela Polícia Federal (PF) durante as investigações da suposta trama golpista, trata de uma carta elaborada pelos então comandantes das Forças Armadas. O teor teria dado confiança aos manifestantes acampados na porta do Quartel General (QG) do Exército para a ação contra os três poderes.

A gravação foi enviada por Cid em 11 de novembro de 2022 ao então comandante do Exército, general Freire Gomes. No áudio, ele diz que a carta fez os manifestantes se sentirem seguros em relação a uma possível retaliação do Supremo Tribunal Federal (STF), sobretudo do ministro Alexandre de Moraes.

“E aí o medo deles é retaliação por parte do Alexandre Moraes. Então, no entendimento deles, essa carta significa que as Forças Armadas vão garantir a segurança deles. Manifestação pacífica é livre. Então, se eles forem lá e forem presos, as Forças Armadas vão garantir a segurança deles”, disse em parte.

O comunicado assinado pelos comandantes do Exército, Aeronáutica e Marinha – Marco Antônio Freira Gomes, Carlos de Almeida Baptista Júnior e Almir Garnier Santos – é também de 11 de novembro de 2022 e foi intitulado “Às instituições e ao Povo Brasileiro”. Nele, está destacado o direito à livre manifestação.

Trecho da carta afirma: “A Constituição Federal estabelece os deveres e os direitos a serem observados por todos os brasileiros e que devem ser assegurados pelas instituições, especialmente no que tange à livre manifestação do pensamento; à liberdade de reunião, pacificamente; e à liberdade de locomoção no território nacional.”

Para Cid, o conteúdo do comunicado fez com que os manifestantes se sentissem seguros para dar “um passo a frente”. “Então, os organizadores dos movimentos vão canalizar todos os movimentos previstos [inaudível] o dia 15 como ápice, a partir de agora, lá para o Congresso, o STF, a Praça dos Três Poderes, basicamente”, falou em trecho do áudio.

Conforme a Polícia Federal, isso reforça que, mesmo antes do 8 de janeiro, existe uma interlocução de pessoas próximas ao governo federal com lideranças dos movimentos. “Percebe-se que, no dia 11 de novembro de 2022, já havia a intenção de que as manifestações fossem direcionadas fisicamente contra o STF e o Congresso Nacional, fato que efetivamente ocorreu no dia 8 de janeiro de 2023”, informa o relatório.

O Metrópoles divulgou o áudio:

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