SEM ALTERAÇÕES

Conselho de Saúde rejeita proposta da Prefeitura de reduzir valores pagos a médicos de Goiânia

Com apenas quatro votos favoráveis, plenária barrou tentativa da gestão de cortar até 22% nos plantões; categoria se mobilizou e saiu vitoriosa

O Conselho Municipal de Saúde de Goiânia rejeitou, na manhã desta quarta-feira (24), a proposta da Prefeitura para reduzir os valores pagos a médicos plantonistas da rede municipal. A votação terminou com apenas quatro votos favoráveis e ampla maioria contra o projeto, que vinha sendo duramente criticado por entidades da categoria, como o Cremego e o Sindicato dos Médicos de Goiás. O secretário de Saúde, Luiz Pellizer até chegou a argumentar que a intenção era de promover “pagamento em dia” e de “reorganizar as finanças”, antes de discutir “novos aumentos no futuro”. 

A sessão teve forte adesão de profissionais da saúde, que compareceram em peso ao auditório e foram quase unânimes em rechaçar a proposta. O texto enviado pelo Paço Municipal previa corte de até 22,6% nos plantões de generalistas, sob a justificativa de “adequar os valores à realidade orçamentária” e permitir a ampliação do número de credenciados.

Durante a reunião, o secretário municipal de Saúde, Luiz Pelizzer, tentou convencer os conselheiros. Admitiu que a tabela previa reduções, mas disse que o objetivo era garantir o pagamento em dia e reorganizar as finanças da pasta. “É uma tabela que sim, teve reduções, é público e notório, mas elas são visando a garantia de pagamento em dia”, destacou.

“São visando a garantia de que a gente consegue reorganizar as finanças, colocar os valores anteriores ou até discutir novos aumentos no futuro. Hoje é o que eu consigo arcar e consigo garantir a expansão da rede”, afirmou.

A fala, no entanto, não foi suficiente para reverter a pressão da classe médica, que tratou a proposta como “redução salarial” e “desrespeito” ao trabalho realizado na rede municipal. Nos últimos dias, o presidente do Cremego, Rafael Martinez, e a presidente do Sindicato dos Médicos, Francine Leão, já haviam se manifestado publicamente contra a medida, alertando para risco de evasão de profissionais e queda na qualidade do atendimento à população.

Antes de Luiz Pellizer usar a palavra, reunião também contou com a participação da vereadora Katia Maria (PT), integrante da oposição ao prefeito Sandro Mabel (UB) na Câmara Municipal. Em seu discurso, ela defendeu a valorização da categoria e criticou a gestão. “Nós precisamos valorizar as carreiras, nós precisamos criar condições de trabalho para os nossos profissionais da saúde. Infelizmente hoje, Goiânia aumentou a violência contra os profissionais porque a população, que também é vítima, não entende que falta estrutura”, destacou.

“Faltam profissionais, faltam insumos em todas as unidades e faltam condições de trabalho. A população, sem saber que o problema é da gestão, acaba descontando no trabalhador. Além de garantir a remuneração, precisamos assegurar equipamentos, medicamentos e um ambiente digno para que o atendimento seja feito com qualidade”, afirmou.

A vereadora ainda fez críticas diretas à administração. “É muito difícil uma gestão que, quase nove meses depois da transição, não deu conta de colocar para funcionar nem as linhas telefônicas, nem o sistema de comunicação”, completou.

A rejeição do Conselho foi vista nos bastidores como uma derrota política para a gestão do prefeito Sandro Mabel, que apostava na aprovação da tabela como forma de dar fôlego às contas da saúde. Sem o aval do colegiado, a Prefeitura terá de negociar uma alternativa para recompor a rede sem o corte nos plantões médicos.