“Sou digna, sou mãe, não mereço isso”, diz vítima de internação forçada em Goiânia; pai é investigado
Ao menos cinco pessoas estão envolvidas no crime, investigado como sequestro. Três homens foram pesos em flagrante

“Sou digna, sou mãe, não mereço isso”, disse a mulher de 43 anos que foi vítima de uma internação forçada em clínica de reabilitação de Goiânia, na tarde deste domingo (2/11). O crime, investigado como sequestro, teria sido planejado pelo pai dela, em razão de uma disputa de herança deixada pala avó. Após ser liberta por policiais militares, ela revelou ter sido agredia pelo genitor para que três homens a arrastassem para um veículo. “Ele disse que eu era louca e perigosa e me agrediu com três murros”. O trio, que seria de funcionários do estabelecimento, situado no Jardim Privê das Oliveiras, foram presos em flagrante.
Segundo a própria mulher, a parte principal de um imóvel com várias quitinetes, no Setor Bueno, foi deixada a ela pela avó há cinco dias, o que se tornou alvo de revolta na família. O pai, segundo ela, também entra em conflito com outros irmãos pelo controle sobre a venda da propriedade. O clímax do desentendimento, porém, aconteceu no domingo, quando a mulher ligou ao genitor, dizendo estar com saudade dos filhos, que moram com ele.
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“Ele respondeu: ‘Não, eu vou aí buscar você para ver as crianças’”, contou à Polícia Militar. Ao chegar, o pai afirmou ter recebido a ligação da filha como uma ameaça e anunciou que ela seria internada imediatamente. Em seguida, os três homens entraram na residência, imobilizando a vítima, enquanto ela almoçava. Segundo ela, os homens a enforcaram e quebraram objetos que estavam em suas mãos, enquanto o pai justificava que “ela era louca e perigosa”, conforme relato da própria vítima.
Os socos desferidos pelo pai, afirmou a mulher, atingiram sua testa antes que os outros homens a colocassem dentro do carro. A agressão a deixou desnorteada e com forte dor de cabeça. Ao questionar o que estava acontecendo, ouviu de um deles: “Não, a gente não é da clínica, a gente só leva!”. “Eu não fiz nada. Estava em casa, preparando comida para o meu pai. Saí de casa humilhada, na frente de vizinhos”, relatou, chocada com a situação.

A Polícia Civil investiga a participação do pai da mulher e se a clínica aceitou realizar a internação sem autorização judicial, além de apurar os detalhes do plano que colocou a vítima em risco físico e emocional.
Representante da clínica coordenou ação
A tentativa de internação foi organizada por um representante da clínica contratada pelo pai. Em áudios obtidos pela Polícia Militar, ele detalhou o procedimento para conter a vítima e informou os valores combinados: “É 400 da remoção e 1.600 da matrícula.”
A Polícia Militar do 45º BPM (Aparecida de Goiânia) e do 7º BPM (Jardim Europa) foi acionada e conseguiu interceptar a vítima e os três homens que a levavam, na GO-040, no Setor Garavelo. Os suspeitos foram autuados por sequestro e cárcere privado.
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