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Carla Zambelli diz sofrer perseguição e chama Moraes de bandido ao depor sobre cassação

Deputada participou de sessão da CCJ de forma remota, pois está presa na Itália

Presa na Itália, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) prestou depoimento por videoconferência, nesta quarta-feira (24), à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, onde tramita o processo de cassação do seu mandato. Durante a oitiva, Zambelli afirmou sofrer perseguição do ministro do STF Alexandre de Moraes, a quem chamou de “bandido”.

“Quando percebi essa perseguição? Foi quando começaram essas medidas extremas, mandando eu pedir desculpa no Facebook e apagando entrevistas, como a que dei ao Pânico, em que falava sobre Moraes ter sido advogado de cooperativa de vans investigada por suposta ligação com o PCC”, disse a deputada.

Zambelli depôs vestindo moletom cinza e afirmou acreditar que o processo é injusto. “Em pouco tempo não estarei mais dentro de um presídio. Essa prisão aconteceu para que eu pudesse expor à Itália minha confiança na Justiça do Brasil”, declarou.

A deputada e o hacker Walter Delgatti Neto foram condenados pelo STF pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica. Segundo a acusação, Zambelli planejou junto com Delgatti a invasão ao CNJ, com objetivo de emitir ordens de soltura falsas e provocar confusão no Judiciário. Ela, porém, negou ter participado da redação da ordem de prisão falsa contra Moraes e disse que só tomou conhecimento da invasão depois dos fatos.

Zambelli também detalhou sua relação com Delgatti, negando proximidade ou que ele tenha se hospedado em seu apartamento funcional, como afirmado por ele. Ela explicou que seu interesse era estudar segurança virtual e investigar a possibilidade de fraudes em urnas eletrônicas, alinhado à sua defesa do voto impresso.

A deputada relatou ainda dificuldades financeiras e bloqueios de contas, salários e redes sociais de familiares, atribuídos a ações de Moraes. “Ele chegou ao ponto de querer atingir toda a minha família”, afirmou. Questionada sobre arrependimentos, citou apenas o episódio em que perseguiu um homem armado na véspera da eleição de 2022, discordando da avaliação de Bolsonaro de que isso teria influenciado sua derrota.

O depoimento de Zambelli encerra a fase de instrução do processo. O relator, deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), terá cinco sessões para apresentar parecer, e a decisão final sobre a cassação caberá ao plenário da Câmara, sendo necessário mínimo de 257 votos favoráveis.

Antes de Zambelli, três testemunhas indicadas pela defesa foram ouvidas: Delgatti, o especialista em provas digitais Michel Spiero, e o ex-assessor de Moraes, Eduardo Tagliaferro. Nem todos os nomes indicados para oitivas aceitaram prestar depoimento.

A cassação já divide a bancada do PL: enquanto alguns deputados acreditam que haverá votos suficientes para manter Zambelli no mandato, outros afirmam que, mesmo se não for extraditada, ela não conseguirá exercer a função estando na Itália.