Política

A distância entre a política e a vida real é uma enormidade

Por motivos profissionais, converso muito com políticos. Tanto aqueles que têm mandato, quanto os que…

TSE lança campanha sobre a segurança do processo eleitoral
Mais de 60% não se lembram do voto para o Congresso, diz pesquisa Foto: Agência Brasil/Fabio Rodrigues Pozzebom)

Por motivos profissionais, converso muito com políticos. Tanto aqueles que têm mandato, quanto os que sonham em ter e também os que circundam esse universo. Ao mesmo tempo, também por questões profissionais, tenho contato com muita gente alheia à política. Gente como a gente, arroz com feijão, com a conta bancária no vermelho. Sem parentes importantes e vindos do interior.

Quando falo com políticos, os papos se dão em torno de montagem de chapas, quociente eleitoral, vagas, filiações, federação e candidaturas. É só conversa que “fulano tem tantos mil votos”, “o cara lá trabalhou muito bem as emendas na cidade tal”, “o deputado tá com não sei quantos prefeitos” ou “com não sei quantos mil votos vai se eleger no partido tal”. Parece até que a eleição se trata de uma planilha de Excel, totalmente alheia do mundo real.

O povo arroz com feijão, por sua vez, só tem reclamações na ponta da língua. Sobre o preço das coisas no supermercado, sobre os buracos na rua que mora, sobre a greve dos professores, sobre o botijão de gás, sobre a lâmpada do poste na porta do trabalho que está queimada há meses, sobre a falta de emprego, sobre o dinheiro cada vez mais escasso.

São conversas água e óleo. Parece que os grupos sociais vivem em planetas diferentes. O que aflige um é tão diferente do que incomoda o outro que eu fico pasmo. E todos sabemos o quão essas coisas estão intrinsecamente conectadas.

O cara só vai conseguir os votos para se eleger se estabelecer um discurso crível para as pessoas que oferte esperança, que aponte pra resolução dos problemas que incomodam o povo. E a população só terá suas dificuldades amainadas caso saiba quem está nessa montagem de chapa dos partidos, aqueles que enxergam a política para além do Excel e esteja imbuído da vontade verdadeira de encontrar soluções.

Enquanto estivermos, ao menos no entendimento médio, com esses dois mundos tão distantes estaremos sempre correndo em uma esteira de academia: a gente sua, se cansa, fica exausto, mas não sai do lugar. Você não vê o Brasil mais ou menos assim? Pois é…

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Agência Brasil/Fabio Rodrigues Pozzebom